São Paulo, terça, 14 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pagura planeja mudanças na Saúde

MALU GASPAR
da Reportagem Local

A Prefeitura de São Paulo inaugurou ontem, na zona sul da cidade, um Centro de Referência de Tratamento à Saúde da Mulher.
O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Jorge Roberto Pagura, planejou, para este mês, três antes das eleições, mudanças em sua pasta, cuja atuação é a principal razão para a desaprovação à gestão Pitta, segundo o Datafolha.
O principal objetivo, segundo Pagura, é trazer de volta à secretaria os cerca de 14 mil servidores, entre eles 1.233 médicos, que hoje trabalham em outros órgãos da prefeitura. Eles não aderiram ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde) quando o plano foi implantado. Muitos deles têm salários pagos pela própria secretaria.
Para o Sindicato dos Médicos de São Paulo, o número de servidores desligados da Secretaria da Saúde deve ser bem maior. Um levantamento feito em 1996 pela Faculdade de Saúde Pública constatou que, naquele ano, haviam se desligado 17.705 servidores. Nos primeiros seis meses de 98, 650 se desligaram e 114 aderiram ao PAS.
"Tem mais gente se desligando do que aderindo ao PAS, e poucas demissões e aposentadorias", diz o presidente do sindicato, José Erivalder Guimarães de Oliveira.
Um dos programas prevê a redução do número de ARs (Administrações Regionais de Saúde) e a sua transformação em ambulatórios de especialidades, como reabilitação, fonoaudiologia etc.
Outro projeto deve fazer com que os profissionais de saúde que estão na Secretaria da Educação trabalhem nas escolas municipais, orientando e fazendo prevenção à saúde. Além disso, devem ser montados postos de atendimento em três conjuntos habitacionais do projeto Cingapura.
No entanto, a secretaria ainda não sabe quantos servidores "em disponibilidade" deverão ser aproveitados pelos projetos anunciados por Pagura.
Para o presidente do sindicato dos médicos, as medidas anunciadas por Pagura são "eleitoreiras". "É nítido que ele quer ajudar o prefeito a recuperar pontos nas pesquisas, já que a saúde é o principal motivo de reprovação à sua gestão. Precisaria conhecer melhor esses projetos, mas parecem promessas repetidas."
O secretário, que assumiu a secretaria há três meses, nega que esteja preocupado com aumento de popularidade.
Segundo os dados da última pesquisa Datafolha, 54% da população considera a administração de Celso Pitta ruim ou péssima.
A atuação na área da saúde é a principal falha da gestão para 27% dos insatisfeitos. Entre as razões do descontentamento, destaca-se o mau funcionamento do PAS, uma das vitrines de Pitta.
Em entrevista à Folha, Pagura reconheceu, em vários momentos, que alguns dos projetos planejados para o próximo mês são respostas às críticas da população.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.