São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 2000


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SAÚDE
"Morte súbita" tem nova diretriz
Aparelho e orientação "ressuscitam" vítimas

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Instalação em locais públicos de aparelhos capazes de "ressuscitar" vítimas de parada cardíaca e o treinamento da população para agir em casos de emergências do coração. Essas são duas das diretrizes a ser anunciadas amanhã, em Washington, pelas principais sociedades do coração, lideradas pela American Heart Association.
São as novas Diretrizes Internacionais de Emergência e Ressuscitação.
O grupo, que definiu as normas para a "terapêutica elétrica e desfibrilação", e que envolveu 20 especialistas de todo o mundo, foi coordenado pelo brasileiro Sérgio Timerman, do Instituto do Coração. Desde o ano passado, o Incor vem treinando profissionais dentro dos padrões americanos.
Em outra frente, o Congresso Nacional deve votar, em regime de urgência, um projeto de lei que obriga a instalação dos aparelhos e o treinamento das pessoas.
O projeto, que segue as diretrizes defendidas pelo Comitê Nacional de Ressuscitação, determina que todos os espaços por onde circulem mais de mil pessoas por dia devem ter um desfibrilador automático e profissionais treinados para usá-lo. Incluem-se aqui condomínios, shoppings, aeroportos, escolas e empresas. Aviões também deverão portar o aparelho. Um desfibrilador custa cerca de US$ 3.000.
Quando utilizado nos primeiros minutos depois de um infarto agudo, o aparelho pode salvar a vida da vítima em 85% dos casos. Segundo Timerman, a maioria das paradas cardíacas são antecedidas por uma fibrilação ventricular, ou seja, o coração passa a bater desordenadamente, perdendo sua função de bomba. Nesses casos, o choque provocado pelo desfibrilador é a única maneira de fazer o coração retomar seu ritmo normal.
Os EUA vêm há anos liderando campanhas para diminuição da morte súbita. Cerca de 930 mil norte-americanos morrem por ano em consequência de doenças do coração, 350 mil deles vítimas de morte por parada cardiorrespiratória.
A questão é tão séria que o presidente Bill Clinton dedicou seu programa de rádio do último dia 20 de maio ao tema, pregando a instalação dos desfibriladores e o treinamento da população.
No Brasil, estima-se que 170 mil pessoas sejam vítimas de morte súbita por ano.
Entre as novas diretrizes, está também o treinamento para o atendimento de emergências nas escolas públicas e privadas. Estima-se que 86% das paradas ocorram dentro das residências, 63% delas presenciadas por crianças ou adolescentes.
Outra recomendação a ser anunciada é a importância da massagem cardíaca, mesmo sem a aplicação da respiração boca-a-boca. Timerman explica que a importância que se dava a esse tipo de respiração levava muitas pessoas a não socorrer a vítima.



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