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Escola municipal terá carga horária maior
Para implementar a mudança, prefeitura prevê o fim do terceiro turno e o aumento do número de alunos por turma
Para educadores, hora extra
deveria ser voltada a aulas
de português e matemática,
áreas em que os alunos têm
um desempenho mais fraco
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir do ano que vem, 260
mil dos 548 mil estudantes do
ensino fundamental da Prefeitura de São Paulo vão ficar uma
hora a mais na escola todo dia.
A grade curricular obrigatória
passará de quatro para cinco
horas, o que, ao fim de oito
anos, será o equivalente a dois
anos a mais de escolaridade.
Até 2008, a ampliação deverá
atingir todos os estudantes.
Para aumentar as aulas em
208 escolas de ensino fundamental, das 459 existentes hoje, a secretaria municipal da
Educação vai acabar com o terceiro turno -no qual os alunos
têm aulas entre as 11h e as 15h-
de mais 58 colégios (hoje, 309
funcionam em três).
A mudança só será possível,
segundo a prefeitura, por meio
de quatro medidas: construção
de novas salas (além de cinco
novos CEUs, a secretaria promete entregar a ampliação de
93 escolas até o começo de
2007), parceria com a rede estadual para distribuição dos
alunos, uso de salas utilizadas
em projetos diversos (como salas de artes) e formação de classes com no máximo 40 alunos,
com exceção das séries iniciais.
As duas últimas medidas são
criticadas. Para Marisa Melillo
Meira, professora de psicologia
escolar da Unesp, acabar com
salas de artes é uma atitude
equivocada. "A escola e os alunos saem perdendo. Eles precisam de um espaço para atividades artísticas, porque a sala
normal não é adequada para todas as aulas."
Professora de políticas públicas de educação da PUC-SP,
Maria Ângela Barbato Carneiro
é contra o aumento do número
de alunos. A média atual é de 35
estudantes por turma. "Ter 40
alunos é muito, nenhum professor dá conta. Não adianta só
garantir a permanência do aluno na escola, tem de garantir o
bom ensino."
Ela lembra que o aumento
dos dias letivos de 180 para 200
não melhorou a qualidade da
educação. "Não adianta aumentar a carga horária sem um
trabalho com os professores. O
período de aulas poderá ficar
ainda mais enfadonho."
Outra ponderação é a de que
as horas extras deveriam ser
utilizadas para aulas de português e matemática, já que as últimas avaliações nacionais
apontam um fraco desempenho nessas disciplinas. O projeto prevê que a carga horária seja preenchida com aulas nas salas de leitura e de informática.
"Os alunos precisam de mais
tempo para absorver os conteúdos dessas matérias, de uma
forma mais leve. Seria melhor
do que ficar dando aula de informática", diz o vereador Beto
Custódio (PT), professor e integrante da comissão de Educação da Câmara Municipal. "Essas medidas são eleitoreiras."
O secretário municipal da
Educação, Alexandre Schneider, diz que a grade poderá ser
preenchida também com aulas
de reforço. "Além disso, o projeto Ler e Escrever será ampliado para todas as séries."
Ele diz que as classes não ficarão superlotadas e que as atividades de artes continuarão.
"Mas muitas salas para projetos diversos estavam subutilizadas." As oficinas culturais e
esportivas, que hoje funcionam
no horário oposto ao das aulas,
também serão mantidas.
O secretário diz que a partir
de 2007 todas as crianças farão
as atividades de leitura e informática e estarão sempre com a
sua turma. Hoje, alunos de diferentes séries ficam misturados,
e só participa da atividade
quem pode ir e voltar para a escola, pois elas ocorrem no período oposto ao das aulas.
As mudanças serão anunciadas pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL) nos próximos dias e
foram antecipadas à Folha. "A
nossa prioridade zero é a educação, e é um absurdo que uma
cidade que quer priorizar essa
área tenha escolas com três
turnos."
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