São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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Faria Lima divulga nota contra acusação

da Reportagem Local

O vereador Paulo Roberto Faria Lima (PMDB) divulgou ontem uma nota negando as acusações feitas contra ele por fiscais da Regional de Pinheiros.
Faria Lima é acusado de comandar uma rede de cobrança de propina que arrecadava R$ 120 mil mensais na Regional de Pinheiros. O dinheiro, segundo a denúncia, foi utilizado na campanha de seu pai, José Roberto Faria Lima, candidato derrotado a deputado estadual no ano passado.
Faria Lima não dá entrevistas sobre o tema. Leia a íntegra da nota divulgada ontem pela assessoria de imprensa do vereador.

"Em relação aos depoimentos de dois fiscais, prestados no Dird e veiculados pela imprensa, tenho a dizer que:
1. Desconheço o teor exato dos depoimentos, porquanto a eles não tive acesso. Tive apenas notícia de versão interpretativa desse depoimento por entrevista de autoridade concedida à mídia.
2. Portanto não posso me manifestar sobre suposta acusação cujo exato teor desconheço.
3. Não obstante, é preciso ter em conta que os fiscais mencionados pela imprensa, depois de presos temporariamente, em março de 1999, foram indiciados por crime de concussão. Na ocasião, ambos, depois de acusar terceiros, requereram benefícios legais.
Uma das maneiras de alguém tentar escapar de acusação é acusar outra(s) pessoa(s). Esse método, atualmente priorizado como técnica investigatória, requer todo cuidado na análise das acusações feitas por acusado, porquanto para este é uma forma de defesa para tentar obter benefícios legais e, por isso, naturalmente suspeita.
4. Até o momento, sofri acusações de pessoas acusadas e que buscam benefícios legais. Não será surpresa se isso continuar a acontecer porquanto essa tem sido a tônica das investigações. Não há contra mim nenhuma acusação estatal formalizada perante o Judiciário. Se e quando houver, poderei conhecê-la e me defender. Por enquanto, fico à mercê de fatos isolados, colhidos em inquérito policial, de natureza sigilosa e inquisitiva e que não propicia o contraditório e a ampla defesa, fatos esses que são divulgados para a imprensa como verdade incontroversa. Cabe-me lembrar que o Judiciário, para declarar alguém culpado, passa anos, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, buscando a certeza da culpa. Por isso, não basta a suposição para condenar precipitada e publicamente alguém com base em procedimento meramente inquisitório.
5. Esclareço, mais uma vez, que, espontaneamente e desde 11 de março de 99, abri meu sigilo bancário e fiscal às autoridades e coloquei-me à disposição para qualquer esclarecimento, numa demonstração inequívoca de que estou aberto às investigações, mas sempre na expectativa de que sejam respeitados meus direitos básicos da cidadania, dentre eles o de, em obséquio ao princípio constitucional da presunção da inocência, não ser condenado sem julgamento, com prejuízos irreparáveis à minha imagem. Não se pode olvidar que a injustiça para um é ameaça para todos. Recentemente, requeri a instauração de comissão processante contra mim mesmo, na Câmara Municipal, noutra demonstração de minha convicção de inocência."
Vereador Paulo Roberto Faria Lima



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