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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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SEGURANÇA

Projeto é instalar 51 postos, dos quais 9 já estão em funcionamento na divisa entre Brasil e Colômbia

PF planeja ter, até 2005, controle total de fronteiras

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Federal planeja ter em funcionamento, até 2005, 51 Confrons (Postos de Controle de Fronteiras), cobrindo todos os 16.399 quilômetros de fronteiras terrestres do Brasil.
Será um sistema de controle ostensivo, com ações permanentes, a exemplo do modelo da Operação Cobra (junção das sílabas das iniciais de Colômbia e Brasil), que há três anos combate o crime organizado e o ingresso de armas e drogas na Amazônia brasileira.
Haverá uma concentração de postos na região da Tríplice Fronteira (entre Brasil, Paraguai e Argentina), uma das principais portas de entrada de drogas e armas no país, segundo a PF.
Dos 51 Confrons, 9 já funcionam na Operação Cobra. Até outubro, está prevista a inauguração de três da Operação Vebra (fronteira com a Venezuela) e quatro da Operação Pebra (Peru).
O sistema tem o apoio das Forças Armadas e da Receita Federal. Com a parceria do Exército, por exemplo, a PF utilizará as instalações e o apoio logístico em pontos onde já existem PEFs (Pelotões Especiais de Fronteira), como já ocorre com a Operação Cobra.
Nomeado há dois meses para a coordenação de Operações Especiais de Fronteiras, o delegado Mauro Spósito, 53, que projetou o sistema, disse que a Operação Cobra reduziu o volume de drogas que circulava na região, de 1.000 kg por ano para 178 kg. "Os resultados demonstram que o tráfico de drogas na zona de fronteira foi reduzido a menos de um terço do que existia anteriormente."
Dentre as ações que se destacam nos relatórios da Operação Cobra, em 2002, estão a destruição de seis pistas clandestinas e a apreensão de 60 kg de heroína. A polícia afirma ter bloqueado uma conexão do Cartel de Jalisco (México) com a Colômbia, com a prisão do mexicano apontado como o representante do cartel no Brasil, José Carlos Fierro Gonzales. Ele foi preso em um barco, no rio Solimões, com 15 kg de heroína.
Segundo o delegado, para a maioria dos novos postos serão deslocados delegados e agentes federais que passarem em concurso público para o preenchimento de 5.000 vagas, previsto para ser realizado neste ano.
Ele não informou o valor total do projeto. Disse que o governo gastou R$ 380 mil só para a montagem dos postos a serem inaugurados em outubro.
A Operação Cobra, que serve de exemplo, custou US$ 12 milhões (cerca de R$ 35 milhões) para montar a estrutura com 12 postos (3 ainda não inaugurados). Parte do dinheiro foi gasto com um avião e um helicóptero, que dão autonomia às operações.

Sivam
Hoje, o maior problema na região Norte ainda é a utilização de pilotos brasileiros pelos traficantes colombianos para transportar droga até o Suriname.
Os aviões dos narcotraficantes pousam em pistas clandestinas no meio da selva em altitudes abaixo de 300 pés para tentar driblar os radares do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
A droga também segue em pequenas embarcações para Manaus, na rota para Europa e cidades do Norte e do Nordeste.
O delegado Spósito disse que um novo acordo entre a PF e o Sivam vai disponibilizar nos próximos dez dias dados em tempo real das aeronaves que adentram o território brasileiro.
Segundo Spósito, na região da Tríplice Fronteira será desenvolvida a Operação Aliança, com 11 postos a ser inaugurados até 2005 em três Estados (MS, PR e SC). A cidade de Foz do Iguaçu (PR) centralizará as ações da PF.
O delegado disse que a Operação Aliança já se desenvolve em caráter eventual. "O que vamos fazer agora é colocá-la em funcionamento permanente porque o crime transnacional é uma das maiores ameaças que nós consideramos, e o fortalecimento das operações nas fronteiras será o neutralizador dessas ações."
Segundo Spósito, a criminalidade transnacional não se restringe ao tráfico de drogas ou de armas. "São crimes que rendem dinheiro, então toda e qualquer atividade será reprimida, inclusive, o roubo de cargas", afirmou.


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