São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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PASSAGENS PAULISTANAS

No primeiro dia útil após a abertura das obras, ônibus andaram mais rápido, mas velocidade média de carros foi pouco superior à de pedestres

Improviso e congestionamento marcam estréia de túnel e corredor na Rebouças

DA REPORTAGEM LOCAL

O túnel de R$ 97,4 milhões construído no cruzamento das avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima teve engarrafamentos e não evitou que os automóveis se deslocassem em velocidades semelhantes às dos pedestres.
O corredor de ônibus de R$ 10,5 milhões, com faixa exclusiva à esquerda, aumentou a velocidade dos coletivos nesse eixo e reduziu quase pela metade a duração da viagem da zona sul ao centro.
As duas obras são da Prefeitura de São Paulo, foram liberadas no final de semana e tiveram ontem seu primeiro dia útil de teste -marcado pelo improviso.
A ausência de calçadas ao longo das vias e a presença de passarelas provisórias facilitaram acidentes.
Duas mulheres foram atropeladas: uma mulher de 73 anos, pela manhã, na av. Rebouças; e outra de 72 anos, à tarde, por um motociclista, numa faixa de pedestres da av. Professor Francisco Morato, continuação da Rebouças e por onde passam os ônibus do corredor Passa Rápido.
O novo túnel, batizado de Jornalista Fernando Vieira de Mello, foi aberto ao tráfego praticamente dois meses antes da previsão -e a menos de um mês da eleição, na qual a prefeita Marta Suplicy (PT) é candidata. Suas obras já haviam provocado transtornos em bairros como Consolação e Pinheiros.
Quem pensava que a liberação da passagem subterrânea representaria um alívio ao trânsito ficou frustrado. Motoristas estiveram parados em engarrafamentos dentro da própria obra, até mesmo fora das horas de pico. À tarde, os carros trafegavam numa velocidade média de 8 km/h -pedestres andam a 6 km/h. Já os ônibus circulavam a 17 km/h.
Esse túnel de R$ 97,4 milhões custaria R$ 65,3 milhões, mas sofreu um aditamento de 49,2% no primeiro semestre -assim como a obra da av. Cidade Jardim, que teve um lado aberto na semana anterior e que custou R$ 121,8 milhões, 47,1% acima da previsão.
Apesar dos atropelamentos e da lentidão no trânsito ao longo das avenidas Rebouças/Eusébio Matoso/Francisco Morato, a prefeitura comemorou as vantagens aos passageiros de ônibus.
O percurso dos coletivos da rua da Consolação (centro) ao Campo Limpo (zona sul) foi feito em, no máximo, 41 minutos -contra mais de 75 minutos até então.
"O pobre está feliz da vida. Só não estou soltando foguete porque não posso fazer campanha para a prefeita", disse Gerson Bittencourt, secretário dos Transportes. Ele diz que haverá ajustes hoje nos tempos de semáforos. A abertura do túnel será antecipada para as 5h -a idéia inicial era que funcionasse temporariamente somente das 6h às 24h.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a SPTrans (que cuida do transporte coletivo) mandaram 410 homens para monitorar as imediações do túnel e do Passa Rápido -o equivalente a 25% de todos os marronzinhos.
Mesmo assim, às 15h07, conforme relatório da CET, a Rebouças era a avenida líder em congestionamentos em São Paulo, com 4,3 km parados no sentido bairro-centro, praticamente toda a sua extensão. A situação era considerada inusitada por superar até as marginais Pinheiros e Tietê, que, sozinhas, têm mais de 20 km cada.
A lentidão para os carros foi agravada pelas obras de aterramento da fiação aérea da Eletropaulo, contratadas pela prefeitura, e que deixaram alguns trechos da via com somente duas, em vez de três faixas. Embora a da esquerda seja exclusiva para os ônibus, ela foi invadida por motoristas -sem punição dos fiscais.
Essas obras não eram, entretanto, as únicas responsáveis pela lentidão. Havia problemas mesmo onde essas interferências eram reduzidas. (ALENCAR IZIDORO, VICTOR RAMOS E BRUNO VERSOLATO)


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