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PASSAGENS PAULISTANAS
No primeiro dia útil após a abertura das obras, ônibus andaram mais rápido, mas velocidade média de carros foi pouco superior à de pedestres
Improviso e congestionamento marcam estréia de túnel e corredor na Rebouças
DA REPORTAGEM LOCAL
O túnel de R$ 97,4 milhões
construído no cruzamento das
avenidas Rebouças e Brigadeiro
Faria Lima teve engarrafamentos
e não evitou que os automóveis se
deslocassem em velocidades semelhantes às dos pedestres.
O corredor de ônibus de R$ 10,5
milhões, com faixa exclusiva à esquerda, aumentou a velocidade
dos coletivos nesse eixo e reduziu
quase pela metade a duração da
viagem da zona sul ao centro.
As duas obras são da Prefeitura
de São Paulo, foram liberadas no
final de semana e tiveram ontem
seu primeiro dia útil de teste
-marcado pelo improviso.
A ausência de calçadas ao longo
das vias e a presença de passarelas
provisórias facilitaram acidentes.
Duas mulheres foram atropeladas: uma mulher de 73 anos, pela
manhã, na av. Rebouças; e outra
de 72 anos, à tarde, por um motociclista, numa faixa de pedestres
da av. Professor Francisco Morato, continuação da Rebouças e
por onde passam os ônibus do
corredor Passa Rápido.
O novo túnel, batizado de Jornalista Fernando Vieira de Mello,
foi aberto ao tráfego praticamente
dois meses antes da previsão -e
a menos de um mês da eleição, na
qual a prefeita Marta Suplicy (PT)
é candidata. Suas obras já haviam
provocado transtornos em bairros como Consolação e Pinheiros.
Quem pensava que a liberação
da passagem subterrânea representaria um alívio ao trânsito ficou frustrado. Motoristas estiveram parados em engarrafamentos dentro da própria obra, até
mesmo fora das horas de pico. À
tarde, os carros trafegavam numa
velocidade média de 8 km/h
-pedestres andam a 6 km/h. Já
os ônibus circulavam a 17 km/h.
Esse túnel de R$ 97,4 milhões
custaria R$ 65,3 milhões, mas sofreu um aditamento de 49,2% no
primeiro semestre -assim como
a obra da av. Cidade Jardim, que
teve um lado aberto na semana
anterior e que custou R$ 121,8 milhões, 47,1% acima da previsão.
Apesar dos atropelamentos e da
lentidão no trânsito ao longo das
avenidas Rebouças/Eusébio Matoso/Francisco Morato, a prefeitura comemorou as vantagens
aos passageiros de ônibus.
O percurso dos coletivos da rua
da Consolação (centro) ao Campo Limpo (zona sul) foi feito em,
no máximo, 41 minutos -contra
mais de 75 minutos até então.
"O pobre está feliz da vida. Só
não estou soltando foguete porque não posso fazer campanha
para a prefeita", disse Gerson Bittencourt, secretário dos Transportes. Ele diz que haverá ajustes
hoje nos tempos de semáforos. A
abertura do túnel será antecipada
para as 5h -a idéia inicial era que
funcionasse temporariamente somente das 6h às 24h.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a SPTrans
(que cuida do transporte coletivo)
mandaram 410 homens para monitorar as imediações do túnel e
do Passa Rápido -o equivalente
a 25% de todos os marronzinhos.
Mesmo assim, às 15h07, conforme relatório da CET, a Rebouças
era a avenida líder em congestionamentos em São Paulo, com 4,3
km parados no sentido bairro-centro, praticamente toda a sua
extensão. A situação era considerada inusitada por superar até as
marginais Pinheiros e Tietê, que,
sozinhas, têm mais de 20 km cada.
A lentidão para os carros foi
agravada pelas obras de aterramento da fiação aérea da Eletropaulo, contratadas pela prefeitura, e que deixaram alguns trechos
da via com somente duas, em vez
de três faixas. Embora a da esquerda seja exclusiva para os ônibus, ela foi invadida por motoristas -sem punição dos fiscais.
Essas obras não eram, entretanto, as únicas responsáveis pela
lentidão. Havia problemas mesmo onde essas interferências
eram reduzidas.
(ALENCAR IZIDORO, VICTOR RAMOS E BRUNO VERSOLATO)
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