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SISTEMA CARCERÁRIO
Cinco detentos foram mortos em rebelião no interior paulista; reféns foram amarrados em grades
Presos são torturados e degolados em motim
RODRIGO ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,00
EM ITATIBA
Após serem torturados, cinco
presos foram mortos, sendo dois
deles decapitados, durante rebelião na cadeia pública de Itatiba
(SP). Outros dois ficaram gravemente feridos. O motim começou
por volta das 21h30 de anteontem
e só foi contido 14 horas depois.
De acordo com o delegado seccional de Itatiba (84 km ao norte
de São Paulo), Joaquim Dias Alves, a briga que originou o motim
começou em uma das cinco celas
da cadeia. Os presos se rebelaram
e arrombaram as celas ganhando
acesso ao pátio interno e à cozinha da unidade. No momento do
motim, um carcereiro e um escrivão estavam na delegacia, que
tem capacidade para abrigar 24
presos, mas mantinha 112.
Armados de facas e estiletes,
produzidos a partir de barras de
ferro das celas, os amotinados
passaram a ameaçar os companheiros. Os reféns foram amarrados nas grades e torturados.
Cinco presos foram mortos pelos amotinados -dois deles tiveram a cabeça degolada a golpes de
facão. O clima tenso e as mortes
ocorreram na madrugada e foram
acompanhados pelos moradores
de casas vizinhas à delegacia.
"Foi um horror. Ouvíamos os
gritos à noite toda. Ninguém aqui
dormiu. Apenas trancamos toda a
casa e ficamos ouvindo os gritos e
rezando", disse uma moradora,
que não quis ter o nome revelado.
Outros dois presos foram mantidos reféns, amarrados nas grades de uma das celas. Um deles teve o dedo de uma das mãos cortado. Eles ficaram detidos até a chegada da juíza-corregedora Érica
Fernandes. Segundo ela, responsável por intermediar as negociações, não havia uma reivindicação objetiva por parte dos rebelados. "Eles estavam bastante nervosos e queriam a garantia de que
a tropa de choque da Polícia Militar não invadiria a cadeia", disse.
Familiares de presos se aglomeraram perto da cadeia atrás de notícias. Uma mãe disse ter viajado
na madrugada, de Guarulhos
(SP), para tratar da transferência
do filho. "Venho aqui para tratar
da transferência dele e dou de cara com uma rebelião. Preciso ter
notícias. Saber se está bem, para
onde vão levá-lo."
Uma guarda municipal foi incumbida pela direção da cadeia
para enviar notícias, por meio de
bilhetes, entre os parentes e os detentos que já haviam se rendido.
Após o final da rebelião, os presos foram colocados no pátio da
unidade, que ficou totalmente
destruída, para serem identificados e aguardar a definição de locais aptos para a transferência.
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