São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Brasileiro é preso durante vôo nos EUA

Segundo policiais, lutador de jiu-jitsu vestia jaqueta militar, deu socos no ar e tentou abrir saída traseira de emergência

Passageiros afirmam ter ouvido aeromoça gritar "Senhor, tire a mão da maçaneta'; vôo partia de Los Angeles para Washington

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O lutador brasileiro de jiu-jitsu Carlos Alberto de Oliveira, 43, de Porto Alegre (RS), foi preso na noite de anteontem, acusado de causar distúrbios durante um vôo de Los Angeles, na Califórnia, para Washington. Segundo policiais federais que estavam no avião, ele vestia uma jaqueta militar, dava socos no ar e tentou abrir a saída traseira de emergência do Airbus 320.
Passageiros do vôo United 890, que aterrissaria no Aeroporto Internacional Dulles às 20h35 locais de terça-feira (21h35 de Brasília), teriam conseguido derrubar o brasileiro, que teve as mãos imobilizadas nas costas por uma algema de plástico por dois policiais que viajavam à paisana -procedimento rotineiro desde o ataque de 11 de Setembro. Oliveira vinha de uma luta em Tóquio.
Segundo relato de Stephen Lockwood, um dos 183 passageiros do vôo -que contava ainda com equipe de seis pessoas-, "ele apanhou bastante". De acordo com Amy Kudwa, porta-voz da Administração de Segurança nos Transportes (TSA, na sigla em inglês), que cuida dos aeroportos, "ninguém saiu ferido".
Sob custódia do FBI, a polícia federal norte-americana, Oliveira teve sua audiência inicial transferida de ontem para hoje no tribunal do condado de Loudon, na Virgínia, sob a jurisdição do qual se encontra o aeroporto internacional, por ter se envolvido numa briga na cadeia onde estava detido. Ele pode ser acusado de interferir nas operações de uma aeronave, mas não será acusado por crimes federais, segundo o FBI.
Ken Wolfenbarger, um dos passageiros que dizem ter ajudado a imobilizar Oliveira no chão, afirma que o brasileiro usava uma jaqueta com motivos militares, distintivos de forças especiais militares e logotipos de campeonato de jiu-jitsu. Oliveira agiu de "maneira estranha" por 20 minutos, depois sentou-se na cadeira e deu socos no ar, de acordo com Wolfenbarger. Este e outros passageiros resolveram agir quando ouviram uma aeromoça dizer "Senhor, por favor, tire a mão da maçaneta". E depois gritos de "Ajudem, por favor!".
O brasileiro já estava agitado havia três horas e meia num vôo que dura cinco horas e meia, disse Megan McCarthy, porta-voz da United, e falava alto em português. Depois de imobilizado, Oliveira foi levado para uma cadeira da primeira classe do avião, onde ficou sob vigilância dos policiais até a aterrissagem -como ele estava sob controle, o piloto decidiu seguir a rota, em vez de posar no aeroporto mais próximo.
O vôo, que saiu às 12h50 locais de Los Angeles, aterrissou no horário marcado, às 20h35 locais de Washington, em Dulles. Então, Oliveira foi passado para a custódia do FBI, que o mantinha detido até a conclusão desta edição, segundo a porta-voz da polícia federal, Debbie Weierman, que afirmou: "Não há nenhuma ligação aparente com terrorismo".


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