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81% dos brasileiros apóiam lei contra fumo
Entre os fumantes, 64% defendem rigor contra cigarro, segundo pesquisa nacional Datafolha realizada na última semana
Nível de aprovação ao projeto que veta cigarro em ambientes fechados em SP é parecido em relação a sexo, idade, escolaridade e renda
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa nacional feita
pelo Datafolha na semana passada mostra que 81% dos brasileiros apóiam o projeto de lei
que proíbe o fumo em todos os
ambientes coletivos fechados
do Estado de São Paulo, incluindo os fumódromos.
O aumento do rigor contra o
cigarro é defendido até mesmo
pelas pessoas que afirmam "fumar cigarros, mesmo que de
vez em quando". Desse grupo,
64% se dizem favoráveis à proposta. Entre os não-fumantes,
86% aprovam a idéia.
O projeto foi apresentado à
Assembléia Legislativa no final
do mês passado pelo governador José Serra (PSDB). Se for
aprovado pelos deputados estaduais, ficará proibido fumar em
bares, boates, restaurantes, hotéis, áreas comuns de condomínios, shoppings, hospitais e táxis, por exemplo.
Não serão permitidos, em
São Paulo, nem mesmo os espaços separados que atualmente
restaurantes e bares reservam
aos fumantes. Dessa forma, o
cigarro só ficará liberado ao ar
livre e dentro de casa.
Segundo o Datafolha, o nível
de aprovação ao projeto é parecido em ambos os sexos, em todas as faixas etárias, em todos
os graus de escolaridade e nas
diferentes faixas de renda.
A aprovação é um pouco
maior entre os simpatizantes
do PSDB (88%), partido de Serra, que entre os do PT (83%).
Ruim para os fumantes
A pesquisa Datafolha foi realizada entre a segunda e a quinta-feira da semana passada. Foram entrevistadas 2.785 pessoas com 18 anos ou mais e de
todos os níveis sociais.
Os entrevistadores ouviram
pessoas em 212 municípios das
cinco regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de
dois pontos percentuais, para
mais ou para menos.
De todos os entrevistados,
13% se disseram contrários à
proposta em análise pelos deputados paulistas. Os fumantes
são mais refratários à idéia
-30% deles se dizem contrários. No grupo dos não-fumantes, o índice de rejeição ao projeto de lei cai para 8%.
Para a maioria, a lei terá efeito "ótimo/bom" sobre os não-fumantes e "ruim/péssimo" sobre os fumantes.
Para os bares e restaurantes,
na opinião da maioria das pessoas ouvidas pelo Datafolha, o
impacto do banimento do cigarro será "ótimo/bom".
Das pessoas ouvidas, 63%
disseram que haviam tomado
conhecimento do projeto de lei
apresentado pelo governador
José Serra (PSDB). De qualquer forma, antes de perguntar-lhes a opinião, os entrevistadores explicaram os principais pontos da proposta.
Gastos para o SUS
Extremamente prejudicial à
saúde, o tabagismo é considerado uma doença, capaz de dar
origem a outras cinco dezenas
de males -como câncer (principalmente de pulmão), infarto, AVC (acidente vascular cerebral), bronquite, osteoporose
e até impotência sexual.
Esses males atingem também as pessoas que, mesmo
não fumando, inalam a fumaça
do cigarro. São os chamados fumantes passivos. De acordo
com estudos recentes do Inca
(Instituto Nacional de Câncer),
pelo menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por doenças provocadas pelo
tabagismo passivo -sete mortes por dia.
Segundo o governo de São
Paulo, os pacientes tratados de
doenças provocadas pelo cigarro custaram ao SUS (Sistema
Único de Saúde), no ano passado, pelo menos R$ 92 milhões.
Com esse valor, é possível
custear por um ano o funcionamento de dois hospitais públicos de médio porte, com cerca
de 200 leitos cada um.
No momento, o projeto de lei
que aumenta as restrições ao
fumo recebe emendas dos deputados estaduais. Só depois
disso é que ele começará a ser
votado pelas comissões da Assembléia Legislativa.
Pelo projeto, os estabelecimentos que descumprirem a
norma serão multados em valores que variam de R$ 220 a R$
3,2 milhões e poderão ser interditados. Não haverá punição
aos fumantes infratores.
"Caso a lei seja aprovada -e
acreditamos que será-, os estabelecimentos e as pessoas terão de se adaptar. Isso é perfeitamente possível, ainda que no
início haja certa resistência ou
dificuldade. Os fumantes se
adaptaram às leis que os proibiram de fumar dentro de aviões
e cinemas, por exemplo", diz o
secretário estadual da Saúde,
Luiz Roberto Barradas Barata.
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