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JUSTIÇA
Debate avalia justiça social e emprego
Desemprego e crime não têm relação direta
Marcio Pochmann, da Unicamp, especialista em desemprego
Luís Antônio Francisco de Souza, do Núcleo de Estudos da Violência
Flavia Piovesan, professora de direitos humanos da PUC-SP
da Reportagem Local
O desemprego não tem relação
direta com o aumento da violência
nas cidades. Essa foi a principal
conclusão a que chegaram os participantes do debate "Justiça Social e Desemprego", promovido
pela Folha e pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto e realizado no auditório da Folha no último dia 19.
Participaram do debate o procurador-geral de Justiça do Estado
de São Paulo, Luiz Antonio Marrey; o professor da Unicamp Marcio Pochmann; Luís Antônio
Francisco de Souza, do Núcleo de
Estudos da Violência da USP
(Universidade de São Paulo); e
Flavia Piovesan, professora de direito constitucional e de direitos
humanos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
O debate foi mediado pelo jornalista Gilberto Dimenstein, do Conselho Editorial da Folha.
A exclusão social gerada pelo desemprego, a falta de equipamentos públicos suficientes para tirar
o jovem das ruas, as dificuldades
de acesso à Justiça, a sensação de
impunidade, e o não atendimento
de direitos sociais por parte do Estado foram citados como fatores
que contribuem para o crime pelos debatedores.
Pochmann abriu o debate e fez
um panorama do desemprego no
Brasil de hoje. Especialista no assunto, ele disse que o país vive a
mais grave crise de emprego de
sua história.
Flavia Piovesan enfatizou que o
direito ao trabalho é um direito
humano. "Temos que superar a
convicção de que direitos sociais
não são direitos."
Para Luís Antônio Francisco de
Souza, do Núcleo de Estudos da
Violência, as pesquisas sobre o assunto ainda são poucas. Ele diz
que a violência cresce mais que o
desemprego. "Temos que desbaratar essa concepção de que há
uma relação direta entre desemprego e violência."
Marrey, ao analisar a questão,
citou pesquisa feita com presos da
Casa de Detenção, no Carandiru
(zona norte de São Paulo), que demonstrou que apenas 27% dos detentos estavam desempregados
quando praticaram seus crimes.
Para Flavia e Marrey, a educação
para a cidadania é fundamental
para diminuir a exclusão social. E
a redução dos efeitos desta última
depende muito mais da efetivação
das leis existentes do que da criação de novas.
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