São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

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VIOLÊNCIA
26 foram presos por desacato, desobediência e resistência ao mandato de desocupação, segundo a polícia
PF encontra bomba em moradia estudantil

Jusiel Filho / Folha Imagem
Polícia tira alunos de prédio da Universidade Federal de Minas Gerais usado como moradia estudantil


CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A Superintendência da Polícia Federal (PF) em Belo Horizonte informou ontem que encontrou uma bomba caseira e material explosivo em um banheiro de um prédio que servia como moradia estudantil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A apreensão, segundo a PF, ocorreu durante o cumprimento de mandado judicial, expedido pela Justiça Federal em favor da reitoria da UFMG para desocupação do prédio, que fica ao lado da Faculdade de Medicina da UFMG, no centro de Belo Horizonte.
Segundo nota oficial da PF, 26 pessoas foram presas e autuadas em flagrante por desacato, desobediência e resistência ao cumprimento do mandato. Nenhum estudante assumiu a posse do material explosivo.
Segundo a Polícia Federal, também foram encontrados no local três pés de maconha e uma pequena quantidade da droga (cerca de 15 g), pronta para consumo.
O prédio desocupado ontem é a antiga sede do hospital Borges da Costa, que foi invadido por estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG em 1980, depois de ter sido desativado.
Na época, o local foi transformado pelos estudantes em uma moradia estudantil, depois oficializada pelo conselho universitário da UFMG.
De acordo com a polícia, ultimamente pessoas estranhas ao meio universitário também estavam morando no local e a reitoria decidiu pedir a desocupação do edifício.

Advogado de defesa
O advogado Carlos Magno de Moura Soares, que representa os estudantes detidos pela PF, afirmou que a ação de desocupação foi "desnecessariamente violenta". Segundo ele, todos os detidos são estudantes regularmente matriculados na UFMG.
A ação policial, que contou com agentes da PF e policiais militares, começou por volta de 5h de ontem. Cerca de 50 estudantes ocupavam a moradia estudantil.
"Muitos estudantes foram agredidos. Alguns estão com cortes no rosto e outros perderam dentes", afirmou o advogado, dizendo desconhecer a presença, na moradia estudantil, de material explosivo e maconha.
Vários estudantes foram submetidos a exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal de Belo Horizonte.
No final da tarde de ontem, o advogado conseguiu a isenção da fiança e os estudantes foram soltos.
Ainda segundo o advogado, os estudantes estavam sem os documentos, dinheiro e objetos pessoais, apreendidos durante a desocupação, e ainda não tinham lugar definido para passar a noite.



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