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FARMÁCIA
As grandes redes de lojas paulistas são as mais prejudicadas; os assaltos são estímulos para sonegação de imposto
Quadrilhas roubam R$ 1,9 mi em remédios
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quadrilhas de assaltantes levaram de um ano para cá R$ 1,9 milhão em medicamentos das grandes redes paulistas de farmácia. É
uma estimativa em mãos da
Abrafarma (Associação Brasileira
de Redes de Farmácias e Drogarias), entidade das maiores empresas varejistas do setor.
"Se existe roubo é porque também existe alguém que, na outra
ponta, compra produto roubado", diz Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da associação.
Ele diz acreditar que as quadrilhas vendam esses remédios a intermediários, que por sua vez os
repassam a farmácias menores.
Elas nem sempre conhecem a
origem criminosa da mercadoria,
comprada sem nota fiscal e revendida ao cliente sem o recolhimento de qualquer imposto.
A estimativa sobre o volume de
medicamentos obtido por meio
de assaltos está em trabalho encomendado pela Abrafarma ao Provar (Programa de Administração
de Varejo), grupo de auditores ligados à Faculdade de Economia e
Administração da USP.
Rosália Raia, do grupo Droga
Raia (90 lojas), diz que sua rede já
sofreu este ano 20 assaltos praticados por ladrões apenas interessados em levar remédios.
Nelson Guimarães de Paula, da
rede Drogão (42 lojas), não revela
quantas vezes assaltantes irromperam em sua empresa. Mas diz
acreditar que essa forma de banditismo cresceu na proporção do
declínio, de três anos para cá, no
roubo de caminhões que distribuem a mercadoria.
A Drogaria São Paulo (151 lojas)
foi assaltada só duas vezes este
ano. Marcos Guimarães, responsável pela rede, disse que, para obter esse resultado, teve de instalar
nas lojas sistema de TV para gravar a movimentação de pessoas
pelas gôndolas.
Assessores do secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio
Petrelluzzi, dizem que a polícia está disposta a trabalhar com os lojistas, desde que haja um plano
parecido ao que permitiu a queda
no número de assaltos a bancos.
Um indício de que sonegação
fiscal e roubo andam juntos aparece em estudo da Secretaria da
Fazenda. As quatro maiores cadeias varejistas paulistas foram
responsáveis, entre janeiro e setembro do ano passado, por
22,5% do faturamento. Mas pagaram 81% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) arrecadado.
Mas isso não significa que a sonegação seja a diferença entre essas duas porcentagens. Levantamento da Secretaria da Fazenda,
feito há três anos, mostra que são
microempresas, e por isso isentas
de impostos, 8.292 (ou 57%) das
farmácias do Estado.
Na categoria imediatamente superior estão as farmácias com faturamento mensal entre R$ 8 mil
e R$ 100 mil. Elas pagam 2,5% sobre o que faturam. É portanto
compreensível que a maior carga
tributária recaia sobre as grandes
redes, que recolhem a alíquota de
18% sobre os remédios vendidos.
A Abecefarma (Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico), que tem o pequeno varejo entre seus associados, acha que a lei
em vigor permite maior justiça
fiscal. A Abrafarma, entidade das
redes, discorda. Ela recentemente
ganhou em primeira instância
ação contra o governo do Estado
em que reivindica a mesma porcentagem de tributos para todos.
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