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SISTEMA PRISIONAL
Vítima teria sido enrolada em fios e recebido choque elétrico; outros detentos são suspeitos do crime
Preso é eletrocutado em sua própria cela
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em vez do uso de estiletes, como na maioria das mortes violentas de detentos, fios enrolados no
corpo e uma descarga elétrica fatal. Foi assim que o preso Adriano
Santana Nunes de Oliveira, 22, foi
morto anteontem à noite, eletrocutado na sua própria cela, no
Centro de Detenção Provisória do
Belém (zona leste de São Paulo).
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, Oliveira
foi eletrocutado pelos outros presos de sua cela, que ficava no raio 1
do CDP. Agentes penitenciários,
segundo a secretaria, teriam ouvido barulho e encontraram o preso
com fios enrolados no corpo.
Esse é o terceiro episódio singular este ano envolvendo morte de
presos no complexo. Nos anteriores, os detentos eram mais conhecidos. Em abril, o preso Dionizio
de Aquino Severo -que fugiu de
helicóptero da penitenciária de
Guarulhos, em janeiro- foi morto a estiletadas por outros presos
no parlatório do CDP.
Em janeiro, Fernando Dutra
Pinto, sequestrador da filha do
apresentador de TV Silvio Santos,
morreu devido à tortura, supostamente praticada por agentes, e
falta de atendimento. A morte de
Dutra Pinto provocou a troca da
direção do CDP.
A secretaria abriu sindicância
para investigar a morte de Oliveira. Os presos envolvidos foram
separados e serão ouvidos durante a semana. A secretaria não soube informar o motivo da morte.
A sindicância vai apurar, por
exemplo, como os presos teriam
conseguido os fios para enrolar
no corpo da vítima. Na cela, os detentos podem ter conectado os
fios na iluminação ou na tomada
na qual os presos ligam eletrodomésticos, segundo a secretaria.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) deve estar pronto em
30 dias. A equipe médica do PS do
Tatuapé informou à mãe da vítima, a doméstica Edinalva José de
Santana, 48, que Oliveira morreu
em decorrência de uma parada
cardíaca, provavelmente provocada por uma descarga elétrica.
Segundo Edinalva, seu filho estava com a cabeça enfaixada no
pronto-socorro. A secretaria não
soube informar se Oliveira sofreu
outras agressões antes de ser eletrocutado na cela. "Eu não vou
deixar passar em branco, não.
Quero saber como meu filho foi
morto", afirmou a doméstica.
Segundo ela, Oliveira era réu
primário, trabalhava como marceneiro e estava no CDP do Belém
havia cinco meses à espera de julgamento, acusado de co-autoria
em um crime de homicídio.
Edinalva disse que seu filho pode ter sido morto por outros presos e aponta a superlotação como
uma possível causa de uma desavença entre os detentos. "Meu filho ficava na cela com mais cerca
de 12 presos. Eles sempre reclamavam da lotação", disse. A secretaria não soube informar
quantos presos estavam na cela.
O caso foi comunicado ao 81º
DP (Belém), mas o Boletim de
Ocorrência feito pelos funcionários do CDP não traz nenhuma
informação sobre preso eletrocutado, mas sobre um detento que
sofreu "mal súbito" e que morreu
no pronto-socorro, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
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