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Vigia aprende a ler caligrafia antiga e torna-se pesquisador
DA REPORTAGEM LOCAL
"Todos os dias eu faço uma
viagem no tempo". É assim que
o pesquisador João Rachid
Said, 51, resume o trabalho que
desempenha há 15 anos no Arquivo Histórico Municipal.
É uma das raras pessoas do
lugar que conseguem traduzir
os "garranchos", como ele chama, dos escritos seculares. E tudo começou por acaso.
Said começou a trabalhar na
prefeitura em 1982 como vigia.
Dez anos depois, ao ver fechar o
setor da prefeitura que trabalhava, foi convidado por amigos
a migrar para o arquivo. "Era
para carregar livros e caixas."
Por curiosidade, começou a
pesquisar livros e a desvendar
os "garranchos". Virou especialista no assunto e foi promovido a pesquisador.
Rachid diz que, para ele, o
principal tesouro do arquivo
são os 613 volumes, com 2 milhões de registro de sepultamento, de 16 cemitérios da cidade. Documentos de 1856 a
1941. "Tem horas que fico imaginando quantos choraram por
aquelas pessoas. É um oceano."
Por esses documentos, explica ele, as pessoas podem montar sua árvore genealógica. A
dele, diz ainda não ter tido tempo de fazer.
Mesmo promovido, Rachid
não conseguiu mudar seu salário (menos de R$ 1.000). Oficialmente, continua registrado
como "agente geral".
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