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CARLOS ESTEVAM MARTINS (1934-2009)
Professor e mentor dos "educadores" do CPC
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ouvir o educador Paulo
Freire falar das ações do
MCP (Movimento de Cultura Popular) em Recife, no
início dos anos 60, Carlos Estevam Martins decidiu com
os amigos que fariam parecido. Assim nasceu o CPC
(Centro Popular de Cultura).
Numa salinha emprestada
pela UNE (União Nacional
dos Estudantes) no Rio, um
grupo de jovens de classe
média ligado às artes -teatro, música, cinema e literatura- começou a bolar uma
iniciativa para fazer cultura
voltada às classes populares.
Em entrevista a um projeto de resgate da memória do
movimento estudantil, Carlos afirmou: "Nós achávamos
que era nosso dever retransmitir o que a gente sabia".
Formado em filosofia, ele
era o único do núcleo do CPC
que não era artista; era o
pensador, e percebeu que estavam ali não para fazer arte,
mas educação, área a que se
dedicou após o golpe militar
dissolver as pretensões de
sua geração -e o CPC.
Com a ditadura, saiu do
país para fazer mestrado e
doutorado em ciência política. Ao retornar ao Brasil, foi
professor da Unicamp e da
USP, onde se aposentou.
Estudou Estado e democracia, assunto de seus artigos e livros. Trabalhou ainda
no Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e foi secretário da Educação e de Administração de SP
em duas gestões do PMDB.
Morreu na sexta, aos 75, de
um câncer de estômago. Deixa viúva, três filhos e um artigo sobre pós-modernismo
ainda não publicado. A missa
de sétimo dia será amanhã,
às 12h30, na igreja Nossa Senhora do Brasil, em SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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