São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2001

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SAÚDE

Estado registra de janeiro a outubro deste ano 51 mil casos do tipo mais comum da doença, recorde histórico

Dengue hemorrágica é nova ameaça em SP

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estado de São Paulo está sob ameaça de uma epidemia de dengue hemorrágica, informou ontem o superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), Luiz Jacintho da Silva, durante fórum sobre a doença organizado pela Prefeitura de São Paulo. O encontro reuniu representantes dos municípios da região metropolitana.
Os 51.347 casos da dengue clássica registrados em São Paulo, do início do ano até a terceira semana de outubro, são recorde na história da doença no Estado e já configuram uma epidemia -quando há um aumento súbito no número de ocorrências. A grande maioria dos casos (cerca de 50 mil) é do primeiro semestre. O maior número até agora era de 20 mil ocorrências, em 1999.
"Estamos à beira do surgimento [crescimento do número de casos" da dengue hemorrágica", disse o superintendente da Sucen.
Esse tipo da doença atinge principalmente quem já teve dengue. Pode matar em até 30% dos casos quando não há tratamento e em 1% mesmo quando tratado.
Desde os primeiros registros de casos adquiridos no Estado, em 87, houve apenas seis de dengue hemorrágica, com duas mortes, ocorridas em 2000 e 2001. O mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, alcançou 146 municípios paulistas neste ano.

Vírus
O risco de epidemia de dengue hemorrágica, segundo Silva, cresce em razão do grande número de casos clássicos e da existência de contaminações por outro tipo de vírus, o do tipo 3, no Rio.
Segundo Silva, esse vírus, que não existe em São Paulo, pode chegar ao Estado em breve.
Quanto maior o número de infecções por diferentes vírus da doença, maior o risco da dengue hemorrágica, disse Silva.
São Paulo tem o maior número absoluto de registros. No ranking de ocorrências por 100 mil habitantes, Estados como Rio e Tocantins ganham a dianteira.
Em São Paulo, as cidades de Santos (85 km ao sudeste da capital), São José do Rio Preto (440 km ao noroeste da capital), Ribeirão Preto (314 km ao norte da capital) e Barretos (424 km ao noroeste da capital) têm o maior número de casos.
Nesses locais, a Sucen já verificou que o mosquito adquiriu resistência a uma classe de inseticidas de baixa toxidade. O inseticida só é usado em ações extremas e não é base da prevenção. "Teremos de usar produtos mais fortes", disse Silva.
Dois fatores explicam o crescimento de casos, diz Silva: falta de empenho dos municípios na prevenção e ausência de colaboração da população -30% dos focos do mosquito estão localizados em vasos dentro das casas.
Entre 1999 e 2000 houve uma redução de 21% do número de empregados pelos municípios nas ações de combate ao mosquito. Em 2000, 5.821 pessoas atuavam nessas atividades.
A diminuição das ações preventivas deve-se principalmente à queda do número de casos em 2000, disse Silva.



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