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SAÚDE
Estado registra de janeiro a outubro deste ano 51 mil casos do tipo mais comum da doença, recorde histórico
Dengue hemorrágica é nova ameaça em SP
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado de São Paulo está sob
ameaça de uma epidemia de dengue hemorrágica, informou ontem o superintendente da Sucen
(Superintendência de Controle de
Endemias), Luiz Jacintho da Silva,
durante fórum sobre a doença organizado pela Prefeitura de São
Paulo. O encontro reuniu representantes dos municípios da região metropolitana.
Os 51.347 casos da dengue clássica registrados em São Paulo, do
início do ano até a terceira semana de outubro, são recorde na história da doença no Estado e já
configuram uma epidemia
-quando há um aumento súbito
no número de ocorrências. A
grande maioria dos casos (cerca
de 50 mil) é do primeiro semestre.
O maior número até agora era de
20 mil ocorrências, em 1999.
"Estamos à beira do surgimento
[crescimento do número de casos" da dengue hemorrágica",
disse o superintendente da Sucen.
Esse tipo da doença atinge principalmente quem já teve dengue.
Pode matar em até 30% dos casos
quando não há tratamento e em
1% mesmo quando tratado.
Desde os primeiros registros de
casos adquiridos no Estado, em
87, houve apenas seis de dengue
hemorrágica, com duas mortes,
ocorridas em 2000 e 2001. O mosquito transmissor da doença, o
Aedes aegypti, alcançou 146 municípios paulistas neste ano.
Vírus
O risco de epidemia de dengue
hemorrágica, segundo Silva, cresce em razão do grande número de
casos clássicos e da existência de
contaminações por outro tipo de
vírus, o do tipo 3, no Rio.
Segundo Silva, esse vírus, que
não existe em São Paulo, pode
chegar ao Estado em breve.
Quanto maior o número de infecções por diferentes vírus da
doença, maior o risco da dengue
hemorrágica, disse Silva.
São Paulo tem o maior número
absoluto de registros. No ranking
de ocorrências por 100 mil habitantes, Estados como Rio e Tocantins ganham a dianteira.
Em São Paulo, as cidades de
Santos (85 km ao sudeste da capital), São José do Rio Preto (440
km ao noroeste da capital), Ribeirão Preto (314 km ao norte da capital) e Barretos (424 km ao noroeste da capital) têm o maior número de casos.
Nesses locais, a Sucen já verificou que o mosquito adquiriu resistência a uma classe de inseticidas de baixa toxidade. O inseticida só é usado em ações extremas e
não é base da prevenção. "Teremos de usar produtos mais fortes", disse Silva.
Dois fatores explicam o crescimento de casos, diz Silva: falta de
empenho dos municípios na prevenção e ausência de colaboração
da população -30% dos focos do
mosquito estão localizados em
vasos dentro das casas.
Entre 1999 e 2000 houve uma redução de 21% do número de empregados pelos municípios nas
ações de combate ao mosquito.
Em 2000, 5.821 pessoas atuavam
nessas atividades.
A diminuição das ações preventivas deve-se principalmente à
queda do número de casos em
2000, disse Silva.
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