São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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SAÚDE

Hospital aguarda repasse de R$ 1,5 milhão do SUS

Instituto do Câncer do Ceará pára de fazer cirurgias por falta de verba

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O único hospital especializado em tratamento de câncer no Ceará, o Instituto do Câncer, suspendeu as cirurgias desde a segunda-feira por falta de repasse de verbas do SUS (Sistema Único de Saúde), segundo a direção da entidade.
O hospital aguarda o pagamento de R$ 1,5 milhão, dívida acumulada desde fevereiro deste ano. O débito existe porque a instituição teve gastos extras para atender uma demanda maior de pacientes, o que foi autorizado pela gestora do SUS em Fortaleza, a prefeitura, de acordo com a direção do hospital.
Quinze pessoas deixaram de ser operadas. Por mês, o instituto realiza 170 cirurgias para a retirada de cânceres -90% dos casos são cobertos pelo SUS. Por causa da falta de verbas, apenas os casos de emergência continuam sendo atendidos no centro cirúrgico.
"Desde fevereiro, o atendimento era autorizado, mas o pagamento não era feito. Então, sempre havia a promessa de que amanhã o dinheiro será liberado, depois de amanhã, e isso nunca acontecia. Agora chegamos a uma situação insustentável", disse o diretor do hospital, Sérgio Juaçaba. "Ainda estamos funcionando graças às contribuições de empresários e de outras pessoas", afirmou Juaçaba.
Além de cirurgias, são atendidos 2.200 pacientes para sessões de radioterapia e de quimioterapia, inclusive crianças, serviço que não foi paralisado. "Optamos por suspender as cirurgias para não prejudicar os pacientes que já estão em tratamento. Mas, com isso, não podemos atender novos pacientes", disse Juaçaba.

Outro lado
A Secretaria da Saúde do Estado informou que já repassou R$ 150 mil para ajudar o hospital, 10% do valor da dívida.
O secretário da Saúde de Fortaleza, Aldrovando Nery, disse que o município não tem nenhuma responsabilidade sobre a dívida e que o hospital tem de ter controle sobre o orçamento. Ele alega que houve um aumento espontâneo do atendimento ambulatorial. "O repasse da verba do SUS tem sido cumprido religiosamente todos os meses."
"Assim que o dinheiro for depositado, voltamos a fazer cirurgias. O que não é possível é trabalhar sem dinheiro, apenas com promessas", afirmou Juaçaba.


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