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NOVA LIDERANÇA
Robinho Pinga recolhe dinheiro do tráfico em 16 favelas do Rio e está radicado na cidade de São Paulo
Traficante do Rio lava dinheiro em 4 Estados
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O agora traficante mais procurado do Rio de Janeiro, Róbson
André da Silva, o Robinho Pinga,
31, lava o dinheiro que obtém nas
16 favelas que controla na capital
fluminense em outros quatro Estados- São Paulo, Minas Gerais,
Bahia e Espírito Santo, apontam
investigações da polícia do Rio.
O criminoso ainda declara Imposto de Renda com seu CPF legal. Ele teve direito a restituição
nos últimos dois anos e está incluindo no lote de 2005.
Tem um perfil diferente dos traficantes do Rio. É o único que administra suas bocas-de-fumo fora
do Estado.
Com a morte de Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe
do tráfico na Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio) e a prisão de
Edmílson Ferreira da Silva, o Sassá, líder da facção criminosa ADA
(Amigo dos Amigos), a captura
de Pinga volta a ser o foco principal da polícia embora o traficante
esteja radicado em São Paulo e venha raramente ao Rio, segundo o
chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins.
A polícia do Rio não tem uma
noção exata do patrimônio de Robinho Pinga porque ainda não recebeu as informações da Receita
Federal, apesar de a Justiça ter autorizado a quebra de seu sigilo fiscal há pelo menos cinco meses.
Outra dificuldade é que os bens
estão em nomes de laranjas.
O ponto alto dos negócios é São
Paulo, de acordo com as investigações. Há pelo menos quatro
anos, o traficante transferiu seu
domicílio eleitoral para São Bernardo, na região do ABC paulista,
apesar de não votar, nem justificar sua ausência.
Uma das bases de Robinho Pinga no Estado paulista é Atibaia.
Seus filhos estudaram em uma escola no município. Há três meses,
a polícia descobriu que o traficante tinha uma marmoraria na cidade. A empresa seria de fachada
para facilitar a distribuição de
drogas. Segundo a Polícia Civil,
Pinga transportava cocaína e maconha escondidas nas cargas de
mármore para dificultar a apreensão. Após a descoberta, Pinga fechou a empresa e a transferiu para
outra cidade.
Indícios da atuação de Pinga em
São Paulo foram filmagens feitas
por um circuito interno de TV de
um shopping na região metropolitana no ano passado. Câmaras
flagraram o traficante e seu pai-
identificado como Valdir Camisão- passeando. Ali, eram realizadas as reuniões da quadrilha.
No mesmo shopping foi preso
no ano passado Márcio José Sabino Pereira, o Márcio Matemático,
um dos principais assessores do
traficante.
A última vez que Pinga foi preso, em 2002, ele estava em um
condomínio de luxo em São Paulo. A casa onde morava estava
avaliada em R$ 400 mil. Uma semana depois, foi solto beneficiado
por um habeas corpus.
Meses depois, a polícia prendeu
sua mulher, Márcia Cristina Alves
de Araújo, na cidade litorânea de
Peruíbe (SP). Foram apreendidas
com ela jóias avaliadas em cerca
de R$ 2 milhões. A polícia descobriu ainda uma mansão no Guarujá (SP), de propriedade do casal. Márcia também foi solta com
um habeas corpus.
Recentemente, a polícia descobriu três carros- um Astra e dois
Honda Civic- emplacados em
São Paulo e que eram de propriedade da quadrilha. Os veículos,
em nome de uma pessoa que já
morreu, foram vendidos.
A cocaína e a maconha vendidas por Pinga em seus redutos no
Rio de Janeiro são trazidas do Paraguai e da Bolívia por fornecedores radicados em São Paulo.
Em maio, a polícia descobriu
que alguns dos contatos de Pinga
eram presos de uma cadeia de
Guarulhos (região metropolitana
de São Paulo).
Minas Gerais é outro foco de
Pinga. Para realizar o transporte
do mármore juntamente com
drogas, o criminoso mantinha na
cidade de Itaobim, na divisa com
a Bahia, uma transportadora para
fazer o negócio parecer legal.
A transportadora foi criada inicialmente em Carangola (MG).
Foi para São Paulo (SP), depois
Vitória (ES) antes de ser transferida para Itaobim, cidade considerada um dos entrepostos de traficantes do Rio.
Em junho, a polícia prendeu um
dos supostos sócios de Pinga no
negócio, Luiz Roberto Damas de
Souza, que tomava conta dos filhos do traficante, na cidade de
Almenara, próxima a Itaobim.
Em carta, ele denunciou que Robinho Pinga estaria radicado em
São Caetano do Sul, região do
ABC paulista.
Já os caminhões utilizados pelo
bando eram todos emplacados no
Espírito Santo, principalmente
nas cidades de Cariacica e Rio Novo do Sul. Ao todo, seriam sete
veículos que foram comprados
por meio de leasing.
Para poder circular pelos estados onde mantém negócios, o traficante usa identidades falsas. Todas apreendidas pela polícia até
agora foram em Feira de Santana
(BA), região metropolitana de
Salvador.
Uma das identidades é de uma
pessoa que vive em Salvador e seria colaborador da quadrilha. O
suposto laranja tem dois carros e
um caminhão em seu nome e já
foi visto na casa da mãe do traficante. A suspeita de que a quadrilha também mantém negócios na
Bahia surgiu após a prisão, em
março, de um de seus gerentes,
Henrique Bezerra Braga, o Gêmeo. Ele foi pego quando seguia
para Feira de Santana.
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