São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Crise aérea continua; ministro acha normal

Segundo a Infraero, 42% dos vôos de todo o país atrasaram ontem; após reunião emergencial, governo não divulgou medidas

Partidas chegaram a passar mais de 4 horas do horário; para Waldir Pires (Defesa), boa parte dos casos estava dentro da normalidade

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mesmo dia em que 42% dos vôos de todo o país atrasaram, o governo convocou uma reunião emergencial no Palácio do Planalto e decidiu adotar "todas as medidas necessárias", mas resolveu silenciar sobre quais providências serão efetivamente tomadas para encerrar a crise dos aeroportos.
Com isso, os controladores de vôo continuam sem sinalização clara sobre a promessa de atendimento de suas reivindicações -contratação de mais profissionais, regulamentação da carreira, criação de gratificação e desmilitarização do setor.
Ontem foi o terceiro dia de atrasos na primeira crise após o "apagão aéreo" do feriado de Finados. A onda de atrasos e cancelamentos de vôos começou em 27 de outubro, quando os controladores de vôo adotaram uma operação-padrão, e atingiu o ápice no dia 2, com revoltas nos aeroportos.
Às 19h de ontem, a Infraero (empresa que administra os aeroportos) informava que 629 dos 1.487 vôos programados no país registravam atrasos superiores a 15 minutos. O governo nega ação organizada dos controladores e atribui os atrasos e cancelamentos a congestionamento aéreo e problemas isolados de falta de pessoal.
Para a Aeronáutica, boa parte dos atrasos de ontem estava dentro da normalidade. Esse também era o discurso do ministro da Defesa, Waldir Pires, antes da reunião. ""Não houve nada. Quantas vezes temos atrasos de duas, três horas?", afirmou Pires, de acordo com informações da Agência Brasil.
Representantes da categoria também negam a retomada da operação-padrão, mas alertam que o controle aéreo continua afogado e que as medidas adotadas até agora são precárias.
Com isso, a situação de hoje e dos próximos feriados (Proclamação da República, amanhã, e Dia Nacional da Consciência Negra, na segunda) ainda é incerta. Agências de viagens e hotéis temem desistências.
Pires e Dilma Roussef (Casa Civil) se reuniram com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, e a diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu. Após três horas, em nota oficial, afirmaram que as medidas irão ""sanar no menor espaço de tempo possível o problema dos atrasos".
Porém, a expectativa é de que o gargalo aéreo continue até o final do ano. A Aeronáutica confirmou a falta de dois controladores no final de semana por motivo de saúde pessoal ou na família -com isso, os atrasos acumularam em Brasília e repercutiram em todo o país até ontem. A Folha apurou que cinco funcionários faltaram.


Com informações da Agência Brasil


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