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Crise aérea continua; ministro acha normal
Segundo a Infraero, 42% dos vôos de todo o país atrasaram ontem; após reunião emergencial, governo não divulgou medidas
Partidas chegaram a passar mais de 4 horas do horário; para Waldir Pires (Defesa), boa parte dos casos estava dentro da normalidade
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que 42%
dos vôos de todo o país atrasaram, o governo convocou uma
reunião emergencial no Palácio
do Planalto e decidiu adotar
"todas as medidas necessárias",
mas resolveu silenciar sobre
quais providências serão efetivamente tomadas para encerrar a crise dos aeroportos.
Com isso, os controladores
de vôo continuam sem sinalização clara sobre a promessa de
atendimento de suas reivindicações -contratação de mais
profissionais, regulamentação
da carreira, criação de gratificação e desmilitarização do setor.
Ontem foi o terceiro dia de
atrasos na primeira crise após o
"apagão aéreo" do feriado de
Finados. A onda de atrasos e
cancelamentos de vôos começou em 27 de outubro, quando
os controladores de vôo adotaram uma operação-padrão, e
atingiu o ápice no dia 2, com revoltas nos aeroportos.
Às 19h de ontem, a Infraero
(empresa que administra os aeroportos) informava que 629
dos 1.487 vôos programados no
país registravam atrasos superiores a 15 minutos. O governo
nega ação organizada dos controladores e atribui os atrasos e
cancelamentos a congestionamento aéreo e problemas isolados de falta de pessoal.
Para a Aeronáutica, boa parte
dos atrasos de ontem estava
dentro da normalidade. Esse
também era o discurso do ministro da Defesa, Waldir Pires,
antes da reunião. ""Não houve
nada. Quantas vezes temos
atrasos de duas, três horas?",
afirmou Pires, de acordo com
informações da Agência Brasil.
Representantes da categoria
também negam a retomada da
operação-padrão, mas alertam
que o controle aéreo continua
afogado e que as medidas adotadas até agora são precárias.
Com isso, a situação de hoje e
dos próximos feriados (Proclamação da República, amanhã, e
Dia Nacional da Consciência
Negra, na segunda) ainda é incerta. Agências de viagens e hotéis temem desistências.
Pires e Dilma Roussef (Casa
Civil) se reuniram com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, o
presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, e a
diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise
Abreu. Após três horas, em nota oficial, afirmaram que as medidas irão ""sanar no menor espaço de tempo possível o problema dos atrasos".
Porém, a expectativa é de que
o gargalo aéreo continue até o
final do ano. A Aeronáutica
confirmou a falta de dois controladores no final de semana
por motivo de saúde pessoal ou
na família -com isso, os atrasos acumularam em Brasília e
repercutiram em todo o país
até ontem. A Folha apurou que
cinco funcionários faltaram.
Com informações da Agência Brasil
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