São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Após sobreviver a 7 tiros, mulher ainda teme ex

Ex-companheiro deu 6 tiros na cabeça dela e está foragido; "sobrevive por milagre", diz dona-de-casa

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Atingida na última sexta-feira por sete tiros, sendo seis na cabeça, a dona-de-casa Patrícia Pereira Gonçalves, 21, segue normalmente sua rotina em Montes Claros (norte de Minas Gerais), porém agora mais "religiosa" e temerosa de que o ex-companheiro, que está foragido, possa tentar matá-la outra vez. Ela atribuiu o que lhe ocorreu a um milagre.
"Eu serei mais religiosa. Foi um milagre o que aconteceu comigo. Sobrevivi graças a Deus", disse ela, que andava e falava normalmente ao deixar o hospital na noite de sexta-feira, apesar de carregar quatro projéteis na cabeça, alojados entre o couro cabeludo e o crânio, e um na mão esquerda.
Gonçalves foi alvejada durante a luta que travou com o seu ex-companheiro, o motorista José Ferreira Bastos, 48, de quem está separada desde setembro e com quem tem uma filha de 11 meses.
Inconformado com a separação, ele invadiu a casa e tentou matá-la. Primeiro, atacou-a com uma faca, depois resolveu baleá-la. Descarregou a arma, um revólver calibre 32, e o carregou novamente.
O neurologista Adriano Teixeira disse que nenhum dos seis tiros causou lesão neurológica na dona-de-casa porque não houve penetração intracraniana. "As balas bateram na cabeça e ficaram incrustadas no crânio", disse ele, que não vê necessidade de Gonçalves retirar os quatro projéteis que continuam alojados em sua cabeça.

Balas com defeito
Segundo o neurologista, pelas radiografias feitas, não parece que o crânio dela seja mais duro do que o normal.
Diante disso, ele supõe que as balas do revólver é que possam estar com problemas. Essa tese, de acordo com o médico, pode ser considerada também pelo fato de não ter ocorrido lesão cerebral com o impacto. "Lesão cerebral pode ocorrer até pelo choque, independentemente de penetração. Mas nem isso teve. Ela chegou lúcida ao hospital", explicou o médico.
O delegado Geovani Andrade disse que os peritos que analisam o caso afirmaram que os projéteis da arma não são velhos, mas uma hipótese levantada por eles para o que ocorreu é que as balas podem ter sido guardadas pelo motorista de modo inadequado, em local úmido. Isso fez com que perdessem a eficiência.
Segundo ele, um advogado do motorista disse que Bastos deverá se apresentar à polícia nos próximos dias. O advogado disse que Bastos também estaria ferido na cabeça. Isso teria acontecido porque ele teria tentado se matar, após agredir Gonçalves. A bala que o atingiu também teria falhado.
Essa versão, segundo o delegado, só poderá ser confirmada quando Bastos se apresentar. Gonçalves deve retirar o projétil que está alojado em sua mão na sexta-feira.


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