São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

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Lombadas eletrônicas não multam nas vias federais

Com os equipamentos parados, Polícia Rodoviária teme aumento de acidentes

De acordo com órgão do Ministério dos Transportes, radares haviam contribuído para reduzir acidentes em 85% em trechos urbanos

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

No próximo feriado, e até pelo menos o Carnaval do ano que vem -períodos em que o trânsito nas estradas fica mais intenso e o risco de acidente é maior-, as 321 lombadas eletrônicas distribuídas pelas rodovias federais não estarão funcionando. Nesses trechos, portanto, o excesso de velocidade não será fiscalizado pelos equipamentos.
Desativados já há cinco meses, os Redutores Eletrônicos de Velocidade deverão permanecer assim ao menos até março -aguardando uma nova licitação por parte do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) para a exploração do serviço.
As lombadas eletrônicas são importantes instrumentos para a prevenção de acidentes. A partir de 1999, quando começaram a ser instaladas, houve uma diminuição entre 70% e 85% no número de acidentes (incluindo atropelamentos) nos trechos urbanos das BRs, segundo o próprio Dnit, órgão do Ministério dos Transportes.
A Polícia Rodoviária Federal disse considerar que o desligamento pode levar ao aumento da velocidade nos trechos dos radares e, como conseqüência, a um aumento de acidentes.
O inspetor Matheus Horta, chefe substituto do setor de Comunicação Social da PRF em Minas, disse ser "inegável que uma falta de fiscalização de velocidade quase sempre faz com que o motorista imprima maior velocidade". "Pode ser que cause até mais acidentes", afirmou Horta, que alerta os pedestres a sempre usarem passarelas.
Em janeiro de 2006, a Folha informou que o contrato com o consórcio de cinco empresas que exploravam o serviço havia acabado e as estradas estavam sem radares operando havia dois meses. Depois disso, foi feito um aditivo ao contrato e as lombadas eletrônicas voltaram a fiscalizar os veículos.
No entanto, desde "junho ou julho" deste ano, segundo o Dnit, todas as 321 lombadas eletrônicas instaladas em BRs de 13 Estados e do Distrito Federal deixaram de fiscalizar em definitivo. Algumas podem até estar ligadas, mas não registram velocidade e não multam.
Isso ocorreu porque venceu o prazo da prorrogação contratual e um novo aditivo não poderia ser feito, já que o contrato atingira cinco anos de vigência, tempo máximo fixado pela Lei de Licitações. Como a nova licitação não foi realizada, os radares deixaram de fiscalizar.
O Dnit deu início a uma nova licitação, mas, depois de suspender o processo em janeiro deste ano, cancelou todo o edital um mês depois, por causa de impugnação administrativa apresentada pela empresa paulista Splice Indústria, Comércio e Serviços Ltda, que apontava favorecimento a grandes empresas do setor.
A Câmara dos Deputados também foi acionada pela Splice e o Dnit cancelou o edital, de quase R$ 800 milhões.
Passados nove meses do cancelamento, o edital prevendo a instalação -não mais de 321 lombadas eletrônicas, mas de 868 unidades em 25 Estados e no DF- não foi divulgado. O valor da concorrência será menor -cerca de R$ 700 milhões.
O Dnit disse que não se pode falar em atraso, uma vez que todo o processo teve que ser preparado de novo. O edital pode sair ainda neste mês.


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