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Lombadas eletrônicas não multam nas vias federais
Com os equipamentos parados, Polícia Rodoviária teme aumento de acidentes
De acordo com órgão do Ministério dos Transportes, radares haviam contribuído
para reduzir acidentes em 85% em trechos urbanos
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
No próximo feriado, e até pelo menos o Carnaval do ano que
vem -períodos em que o trânsito nas estradas fica mais intenso e o risco de acidente é
maior-, as 321 lombadas eletrônicas distribuídas pelas rodovias federais não estarão
funcionando. Nesses trechos,
portanto, o excesso de velocidade não será fiscalizado pelos
equipamentos.
Desativados já há cinco meses, os Redutores Eletrônicos
de Velocidade deverão permanecer assim ao menos até março -aguardando uma nova licitação por parte do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) para a
exploração do serviço.
As lombadas eletrônicas são
importantes instrumentos para a prevenção de acidentes. A
partir de 1999, quando começaram a ser instaladas, houve
uma diminuição entre 70% e
85% no número de acidentes
(incluindo atropelamentos)
nos trechos urbanos das BRs,
segundo o próprio Dnit, órgão
do Ministério dos Transportes.
A Polícia Rodoviária Federal
disse considerar que o desligamento pode levar ao aumento
da velocidade nos trechos dos
radares e, como conseqüência,
a um aumento de acidentes.
O inspetor Matheus Horta,
chefe substituto do setor de Comunicação Social da PRF em
Minas, disse ser "inegável que
uma falta de fiscalização de velocidade quase sempre faz com
que o motorista imprima maior
velocidade". "Pode ser que cause até mais acidentes", afirmou
Horta, que alerta os pedestres a
sempre usarem passarelas.
Em janeiro de 2006, a Folha
informou que o contrato com o
consórcio de cinco empresas
que exploravam o serviço havia
acabado e as estradas estavam
sem radares operando havia
dois meses. Depois disso, foi
feito um aditivo ao contrato e
as lombadas eletrônicas voltaram a fiscalizar os veículos.
No entanto, desde "junho ou
julho" deste ano, segundo o
Dnit, todas as 321 lombadas
eletrônicas instaladas em BRs
de 13 Estados e do Distrito Federal deixaram de fiscalizar em
definitivo. Algumas podem até
estar ligadas, mas não registram velocidade e não multam.
Isso ocorreu porque venceu
o prazo da prorrogação contratual e um novo aditivo não poderia ser feito, já que o contrato
atingira cinco anos de vigência,
tempo máximo fixado pela Lei
de Licitações. Como a nova licitação não foi realizada, os radares deixaram de fiscalizar.
O Dnit deu início a uma nova
licitação, mas, depois de suspender o processo em janeiro
deste ano, cancelou todo o edital um mês depois, por causa de
impugnação administrativa
apresentada pela empresa paulista Splice Indústria, Comércio e Serviços Ltda, que apontava favorecimento a grandes
empresas do setor.
A Câmara dos Deputados
também foi acionada pela Splice e o Dnit cancelou o edital, de
quase R$ 800 milhões.
Passados nove meses do cancelamento, o edital prevendo a
instalação -não mais de 321
lombadas eletrônicas, mas de
868 unidades em 25 Estados e
no DF- não foi divulgado. O
valor da concorrência será menor -cerca de R$ 700 milhões.
O Dnit disse que não se pode
falar em atraso, uma vez que
todo o processo teve que ser
preparado de novo. O edital pode sair ainda neste mês.
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