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Dois ex-internos da Febem depõem e defendem padre Júlio
Os dois relataram ter recebido ajuda financeira do padre Júlio Lancelotti e afirmaram ainda que nunca houve insinuação ou exigência de contato íntimo
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois ex-internos da antiga
Febem (atual Fundação Casa)
disseram à polícia de São Paulo
que receberam ajuda financeira do padre Júlio Lancelotti, 58,
após deixar a instituição e que o
religioso nunca insinuou ou
exigiu contatos íntimos.
A Polícia Civil interrogou os
dois sexta e ontem. O dinheiro,
segundo os ex-internos Marcelo Eduardo de Almeida Brito, o
Marcelo Queijeiro, e Luciano
Sales Moreti, 25, era dado pelo
religioso para que eles pagassem contas domésticas, comprassem comida, fizessem cursos e tirassem documentos.
Ambos afirmaram que nunca
tiveram relações sexuais com o
padre. Um terceiro ex-interno
da Febem relacionado na lista
de pessoas que receberam auxílio financeiro do padre será
convidado pela polícia a relatar
como era seu contato com o religioso. Trata-se de Jalber José.
Para chegar aos nomes dos
ex-internos, a polícia usou o depoimento do delegado Luiz
Carlos dos Santos, conhecido
como China, que procurou dia
31 de outubro os responsáveis
sobre o suposto caso de extorsão no qual o padre é vítima.
Santos também relatou como a polícia investigou pela
primeira vez, em junho de
2005, quatro ex-internos a
mando do então governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin. À
época dessa investigação, Santos era interinamente delegado-geral da Polícia Civil.
Lancelotti, segundo Santos,
disse ao então secretário adjunto da Segurança, Marcelo Martins de Oliveira, que Brito traficava drogas perto de sua igreja.
Por isso, o Palácio dos Bandeirantes e a Secretaria da Segurança determinaram que o
Denarc (departamento de narcóticos) investigasse Brito.
No relatório final da investigação, os policiais do Denarc
não conseguiram constatar o
envolvimento de Brito com tráfico e, ainda na versão do delegado Santos, "tudo aparentava
[ser] uma briga entre amigos".
No dia 26 de outubro deste
ano, o quarto ex-interno citado
à época ao governo paulista como uma das pessoas que extorquiam dinheiro de Lancelotti,
Anderson Marcos Batista, 25,
foi preso acusado pelo crime.
A Polícia Civil também investiga se a enfermeira que acusou
o padre de ter beijado um ex-interno da Febem na Casa Vida,
entre 1999 e 2000, atendeu algum interesse do ex-presidente
do Sintraenfa (Sindicato dos
Trabalhadores da Febem), Gilberto da Silva, que sempre se
opôs às denúncias de tortura na
instituição feitas pelo religioso.
Silva negou ontem à Folha ser
ex-marido da enfermeira.
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