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Após greve de 58 dias, policiais civis voltam ao trabalho
Decisão ocorre um dia após aumento ser aprovado pela
Assembléia e o STF ter declarado ilegal a paralisação
Corregedoria da Polícia
investiga denúncias e
confronto das polícias;
sindicalistas querem agora
tentar evitar punições
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os policiais civis de São Paulo cumpriram a determinação
do STF (Supremo Tribunal Federal) e normalizaram ontem o
atendimento à população após
58 dias de paralisação. Agora, as
entidades sindicais pretendem
tentar evitar punições aos policiais que aderiram ao movimento grevista -o primeiro da
Polícia Civil de São Paulo, segundo as entidades sindicais-
que prejudicou cerca de 250
mil pessoas no Estado.
A estimativa de prejudicados
foi feita com base no número
de boletins de ocorrência que
deixaram de ser registrados
nos 14 primeiros dias de paralisação, de acordo com os dados
estatísticos divulgados trimestralmente pelo governo de São
Paulo -o restante do período
ainda não foi incluído nas estatísticas. Esse número representa cerca de 10% dos registros feitos pela polícia.
Para a Secretaria da Segurança Pública, haverá um prejuízo nas estatísticas e nos planejamentos estratégicos porque grande parte da população
que deixou de registrar boletim
de ocorrência não deverá procurar novamente uma delegacia para fazer sua queixa.
Não há, porém, segundo a secretaria, como dimensionar
quanto tempo levará para o
trabalho das delegacias no Estado ser normalizado. Para a
Segurança, houve adesão ao
movimento de 10% do efetivo
na capital e Grande São Paulo e
30% no interior. Os manifestantes apontam adesão de 80%
e 100%, respectivamente.
Ontem, os relatórios recebidos pelo governo apontavam
que todas as unidades do Estado tinham cumprido a ordem
do STF, que considerou ilegal o
movimento dos policiais.
Ainda de acordo com a pasta,
foram abertos um inquérito e
mais 25 procedimentos preliminares pela Corregedoria da
Polícia Civil em razão da greve.
Entre as investigações está
uma série de denúncias de prevaricação -crime cometido
por funcionário público e que
consiste em retardar ou deixar
de praticar ato de ofício.
Também é investigado pela
corregedoria o tumulto ocorrido em outubro próximo ao Palácio dos Bandeirantes, quando
policiais civis e militares se enfrentaram e mais de 30 pessoas
ficaram feridas, pelo menos
uma delas a tiro.
Além de procurar os deputados da base governista, principalmente o líder do governo na
Assembléia, o tucano Barros
Munhoz, as entidades alertam
que os delegados que punirem
os manifestantes poderão sofrer processos internos e ser
expulsos das associações.
O tucano informou que não
irá se envolver em questões internas da polícia. Munhoz afirmou ainda que os acordos visando o encerramento da greve
firmados por ele serão mantidos, mas que a decisão final caberá ao governador José Serra
(PSDB). "Na minha avaliação,
tem 90% de chances de serem
cumpridos", afirmou ele.
O presidente da associação
dos delegados, Sergio Roque,
disse que a orientação dada ontem foi normalizar imediatamente o trabalho. "Ordem judicial não se discute, certa ou
errada, cumpra-se. O principal
disso tudo é que o governo passou a nos respeitar", disse.
O presidente do sindicato
dos delegados, José Leal, também comemorava ontem o resultado da greve.
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