São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Após greve de 58 dias, policiais civis voltam ao trabalho

Decisão ocorre um dia após aumento ser aprovado pela Assembléia e o STF ter declarado ilegal a paralisação

Corregedoria da Polícia investiga denúncias e confronto das polícias; sindicalistas querem agora tentar evitar punições

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os policiais civis de São Paulo cumpriram a determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) e normalizaram ontem o atendimento à população após 58 dias de paralisação. Agora, as entidades sindicais pretendem tentar evitar punições aos policiais que aderiram ao movimento grevista -o primeiro da Polícia Civil de São Paulo, segundo as entidades sindicais- que prejudicou cerca de 250 mil pessoas no Estado.
A estimativa de prejudicados foi feita com base no número de boletins de ocorrência que deixaram de ser registrados nos 14 primeiros dias de paralisação, de acordo com os dados estatísticos divulgados trimestralmente pelo governo de São Paulo -o restante do período ainda não foi incluído nas estatísticas. Esse número representa cerca de 10% dos registros feitos pela polícia.
Para a Secretaria da Segurança Pública, haverá um prejuízo nas estatísticas e nos planejamentos estratégicos porque grande parte da população que deixou de registrar boletim de ocorrência não deverá procurar novamente uma delegacia para fazer sua queixa.
Não há, porém, segundo a secretaria, como dimensionar quanto tempo levará para o trabalho das delegacias no Estado ser normalizado. Para a Segurança, houve adesão ao movimento de 10% do efetivo na capital e Grande São Paulo e 30% no interior. Os manifestantes apontam adesão de 80% e 100%, respectivamente.
Ontem, os relatórios recebidos pelo governo apontavam que todas as unidades do Estado tinham cumprido a ordem do STF, que considerou ilegal o movimento dos policiais.
Ainda de acordo com a pasta, foram abertos um inquérito e mais 25 procedimentos preliminares pela Corregedoria da Polícia Civil em razão da greve. Entre as investigações está uma série de denúncias de prevaricação -crime cometido por funcionário público e que consiste em retardar ou deixar de praticar ato de ofício.
Também é investigado pela corregedoria o tumulto ocorrido em outubro próximo ao Palácio dos Bandeirantes, quando policiais civis e militares se enfrentaram e mais de 30 pessoas ficaram feridas, pelo menos uma delas a tiro.
Além de procurar os deputados da base governista, principalmente o líder do governo na Assembléia, o tucano Barros Munhoz, as entidades alertam que os delegados que punirem os manifestantes poderão sofrer processos internos e ser expulsos das associações.
O tucano informou que não irá se envolver em questões internas da polícia. Munhoz afirmou ainda que os acordos visando o encerramento da greve firmados por ele serão mantidos, mas que a decisão final caberá ao governador José Serra (PSDB). "Na minha avaliação, tem 90% de chances de serem cumpridos", afirmou ele.
O presidente da associação dos delegados, Sergio Roque, disse que a orientação dada ontem foi normalizar imediatamente o trabalho. "Ordem judicial não se discute, certa ou errada, cumpra-se. O principal disso tudo é que o governo passou a nos respeitar", disse.
O presidente do sindicato dos delegados, José Leal, também comemorava ontem o resultado da greve.


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