São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Chuva no Rio deixa 2.885 pessoas fora de casa

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A chuva da madrugada de ontem na região metropolitana e no interior do Rio elevou a 2.885 o número de desabrigados e desalojados no Estado.
Parte das vítimas já tinha voltado para suas casas e foi atingida novamente pela chuva, sendo obrigada a se alojar em escolas e casas de parentes.
Quatro municípios -Belford Roxo, Duque de Caxias e Tanguá, no Grande Rio, e Três Rios (a 120 km do Rio)- decretaram emergência e pediram o apoio do governo estadual. Um hospital de campanha foi montado numa escola na primeira cidade para atender casos de emergências ou ambulatoriais das pessoas alojadas no local.
O casal Marcos Antônio Silva, 36, e Ana Paula Cordeiro, 26, afirmou estar pela quarta vez num abrigo. A mesma casa, na beira do rio, está "caindo aos pedaços, com as vigas à mostra", dizem. "Não temos para onde ir. Ao sairmos daqui, vamos ter que limpar tudo lá e recomeçar", diz Marcos Antônio.
O abrigo em Belford Roxo não estava lotado, mas faltava água em alguns banheiros. As salas de aula, usadas como quartos, estavam relativamente limpas. A principal necessidade no local são roupas infantis, dizem os assistentes sociais.
Pela segunda vez abrigada na escola, a dona de casa Suely Santos Silva, 41, resumiu: "Não adianta chorar". Na primeira vez que teve de sair de casa por causa das enchentes, ela ficou três semanas no mesmo local.
"Peço ajuda aos parentes, ganho algumas coisas dos amigos e compro o que dá. Vou reconstruindo aos poucos a vida", diz.

Aposentada
A primeira preocupação da aposentada Waldete Maria Borges, 72, retirada de casa na pá de uma escavadeira em Belford Roxo, foi saber se o seu cachorro sobrevivera. Ela ainda não sabe, mas Pam morreu.
Cega após sofrer um derrame, há quase um ano, Waldete dormia na casa de uma das quatro filhas quando a água do rio próximo subiu com a chuva.
Deitada na cama, colocada na cozinha, a aposentada media a subida da água com a mão pendendo para baixo. A filha Rosemary Borges Ribeiro, 35, só percebeu que a água subia por volta das 8h30. Ela já atingia quase o colchão da cama.
Waldete foi retirada do local por bombeiros e servidores da Defesa Civil municipal. Inicialmente foi colocada num pequeno bote, em que cabia apenas ela. Em seguida, na pá do trator para ser levada até a ambulância. Ela ficou apenas uma hora e meia no posto de saúde Apolo 11, onde foi medicada e liberada. Estava ontem na casa de uma das filhas e não quis conversar com a reportagem.


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