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Chuva no Rio deixa 2.885 pessoas fora de casa
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A chuva da madrugada de ontem na região metropolitana e
no interior do Rio elevou a
2.885 o número de desabrigados e desalojados no Estado.
Parte das vítimas já tinha voltado para suas casas e foi atingida novamente pela chuva, sendo obrigada a se alojar em escolas e casas de parentes.
Quatro municípios -Belford
Roxo, Duque de Caxias e Tanguá, no Grande Rio, e Três Rios
(a 120 km do Rio)- decretaram
emergência e pediram o apoio
do governo estadual. Um hospital de campanha foi montado
numa escola na primeira cidade para atender casos de emergências ou ambulatoriais das
pessoas alojadas no local.
O casal Marcos Antônio Silva, 36, e Ana Paula Cordeiro,
26, afirmou estar pela quarta
vez num abrigo. A mesma casa,
na beira do rio, está "caindo aos
pedaços, com as vigas à mostra", dizem. "Não temos para
onde ir. Ao sairmos daqui, vamos ter que limpar tudo lá e recomeçar", diz Marcos Antônio.
O abrigo em Belford Roxo
não estava lotado, mas faltava
água em alguns banheiros. As
salas de aula, usadas como
quartos, estavam relativamente limpas. A principal necessidade no local são roupas infantis, dizem os assistentes sociais.
Pela segunda vez abrigada na
escola, a dona de casa Suely
Santos Silva, 41, resumiu: "Não
adianta chorar". Na primeira
vez que teve de sair de casa por
causa das enchentes, ela ficou
três semanas no mesmo local.
"Peço ajuda aos parentes, ganho algumas coisas dos amigos
e compro o que dá. Vou reconstruindo aos poucos a vida", diz.
Aposentada
A primeira preocupação da
aposentada Waldete Maria
Borges, 72, retirada de casa na
pá de uma escavadeira em Belford Roxo, foi saber se o seu cachorro sobrevivera. Ela ainda
não sabe, mas Pam morreu.
Cega após sofrer um derrame, há quase um ano, Waldete
dormia na casa de uma das quatro filhas quando a água do rio
próximo subiu com a chuva.
Deitada na cama, colocada na
cozinha, a aposentada media a
subida da água com a mão pendendo para baixo. A filha Rosemary Borges Ribeiro, 35, só
percebeu que a água subia por
volta das 8h30. Ela já atingia
quase o colchão da cama.
Waldete foi retirada do local
por bombeiros e servidores da
Defesa Civil municipal. Inicialmente foi colocada num pequeno bote, em que cabia apenas
ela. Em seguida, na pá do trator
para ser levada até a ambulância. Ela ficou apenas uma hora e
meia no posto de saúde Apolo
11, onde foi medicada e liberada. Estava ontem na casa de
uma das filhas e não quis conversar com a reportagem.
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