São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Para mais votado, fatores não acadêmicos prevaleceram

Tucanos ligados a novo reitor influenciaram na decisão, afirma Glaucius Oliva

"Não tive a oportunidade de apresentar meu projeto nem para o governador nem para pessoas próximas", diz diretor de física de São Carlos

DA REPORTAGEM LOCAL

Preterido pelo governador José Serra (PSDB) apesar de ter sido o mais votado na USP, Glaucius Oliva diz lamentar que "fatores não acadêmicos prevaleceram" na decisão final para escolha do reitor.
Diretor do Instituto de Física de São Carlos, Glaucius, 49, entende que perdeu o posto devido à pressão de tucanos aliados ao novo reitor e por seu nome ter sido ligado na campanha ao da atual reitora, Suely Vilela. O governador e Vilela têm relações estremecidas. Glaucius diz não ter sido procurado pela equipe de Serra.
"Não tive a oportunidade de apresentar meu projeto nem para o governador nem para pessoas próximas a ele. Lamento que tenha sido assim."
Abaixo, a entrevista com Glaucius, cientista renomado, que dirige a unidade com a maior produção científica da universidade. (FT)

 

FOLHA - Como o sr. se sente?
GLAUCIUS OLIVA -
Desapontado. Entendo que são as regras do jogo. Mas não tive a oportunidade de apresentar meu projeto nem para o governador nem para pessoas próximas a ele. Ter a voz do governador ao final do processo significa que se deveria avaliar os projetos. Isso ficou à margem. O processo me leva a crer que foram fatores não acadêmicos que prevaleceram na decisão.

FOLHA - Que fatores?
GLAUCIUS -
Pressão política. E pelo fato de meu nome ter sido ligado ao da reitora. É preocupante que coisas como essas sejam decisivas numa decisão que deveria considerar os projetos para o crescimento da USP.

FOLHA - O sr. acha que haverá uma cisão na universidade?
GLAUCIUS -
Vai ter muita gente desapontada, como eu estou. Meu projeto não era um projeto pessoal, mas de expectativas da comunidade [acadêmica]. Espero que não haja riscos para a USP. A universidade está acima disso. Agora, segue a vida.

FOLHA - O sr. aceitaria participar da nova gestão?
GLAUCIUS -
Não vejo possibilidade. O reitor precisa ter próximo a ele pessoas com grande afinidade. No grupo dele, há muitas pessoas capacitadas. E a minha candidatura não era um projeto pessoal, de luta pelo poder. Era coletiva.

FOLHA - De que forma o apoio da reitora pesou negativamente na decisão do governador?
GLAUCIUS -
Se isso teve peso grande, foi uma forma muito pequena de julgar a universidade, que tem tantos desafios. Era o julgamento da gestão que começa em 2009, não da que acaba.

FOLHA - O sr. já pensa na próxima eleição? Poderia se candidatar novamente para reitor?
GLAUCIUS -
Não pensei. Quatro anos é muito tempo, muita coisa pode mudar até lá.


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