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Para mais votado, fatores não acadêmicos prevaleceram
Tucanos ligados a novo reitor influenciaram na decisão, afirma Glaucius Oliva
"Não tive a oportunidade de
apresentar meu projeto nem
para o governador nem para
pessoas próximas", diz
diretor de física de São Carlos
DA REPORTAGEM LOCAL
Preterido pelo governador
José Serra (PSDB) apesar de
ter sido o mais votado na USP,
Glaucius Oliva diz lamentar
que "fatores não acadêmicos
prevaleceram" na decisão final
para escolha do reitor.
Diretor do Instituto de Física
de São Carlos, Glaucius, 49, entende que perdeu o posto devido à pressão de tucanos aliados
ao novo reitor e por seu nome
ter sido ligado na campanha ao
da atual reitora, Suely Vilela. O
governador e Vilela têm relações estremecidas.
Glaucius diz não ter sido procurado pela equipe de Serra.
"Não tive a oportunidade de
apresentar meu projeto nem
para o governador nem para
pessoas próximas a ele. Lamento que tenha sido assim."
Abaixo, a entrevista com
Glaucius, cientista renomado,
que dirige a unidade com a
maior produção científica da
universidade.
(FT)
FOLHA - Como o sr. se sente?
GLAUCIUS OLIVA - Desapontado.
Entendo que são as regras do
jogo. Mas não tive a oportunidade de apresentar meu projeto nem para o governador nem
para pessoas próximas a ele.
Ter a voz do governador ao final do processo significa que se
deveria avaliar os projetos. Isso
ficou à margem. O processo me
leva a crer que foram fatores
não acadêmicos que prevaleceram na decisão.
FOLHA - Que fatores?
GLAUCIUS - Pressão política. E
pelo fato de meu nome ter sido
ligado ao da reitora. É preocupante que coisas como essas sejam decisivas numa decisão que
deveria considerar os projetos
para o crescimento da USP.
FOLHA - O sr. acha que haverá uma
cisão na universidade?
GLAUCIUS - Vai ter muita gente
desapontada, como eu estou.
Meu projeto não era um projeto pessoal, mas de expectativas
da comunidade [acadêmica].
Espero que não haja riscos para
a USP. A universidade está acima disso. Agora, segue a vida.
FOLHA - O sr. aceitaria participar da
nova gestão?
GLAUCIUS - Não vejo possibilidade. O reitor precisa ter próximo a ele pessoas com grande
afinidade. No grupo dele, há
muitas pessoas capacitadas.
E a minha candidatura não
era um projeto pessoal, de luta
pelo poder. Era coletiva.
FOLHA - De que forma o apoio da
reitora pesou negativamente na decisão do governador?
GLAUCIUS - Se isso teve peso
grande, foi uma forma muito pequena de julgar a universidade,
que tem tantos desafios. Era o
julgamento da gestão que começa em 2009, não da que acaba.
FOLHA - O sr. já pensa na próxima
eleição? Poderia se candidatar novamente para reitor?
GLAUCIUS - Não pensei. Quatro
anos é muito tempo, muita coisa pode mudar até lá.
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