São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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EDUCAÇÃO

Ampliação de horas é rejeitada em votação; Apeoesp quer mais prazo

Escolas estaduais decidem manter o mesmo currículo

DA REPORTAGEM LOCAL

O currículo das escolas estaduais de São Paulo vai ficar como está. A Secretaria estadual da Educação divulgou ontem o resultado de uma votação feita nas escolas públicas sobre a grade escolar no ano que vem.
A maioria preferiu manter o modelo atual. Segundo os dados, 47% dos votos do ensino fundamental e do médio diurnos apoiaram a continuidade. A eleição foi pela internet. O Estado tem 6.100 escolas, mas só votaram 2.249.
Uma das propostas derrotadas previa a inclusão de aulas de filosofia para alunos do ensino médio. Outra permitia às escolas liberdade para compor o currículo, inclusive com aumento de uma hora de aula por dia. Essa idéia foi a segunda mais cotada, com 38% dos votos do ensino médio, no período diurno.
A decisão, que vale para o ensino fundamental e para o médio, foi tomada pelos conselhos de escolas -órgãos formados por professores, alunos, pais e direção, representados igualmente.

Opções
No ensino fundamental, havia três opções: manter o currículo como está; redistribuir aulas, aumentando a carga horária de matérias de ciências humanas; fazer a redistribuição aumentando a carga de matérias de ciências naturais e matemática.
Para o ensino médio, eram quatro caminhos: manter o currículo; acrescentar filosofia e aumentar a carga de português; manter o 1º ano como está, e deixar que cada escola escolhesse como distribuir as aulas no 2º e no 3º ano; elaborar outro modelo de grade curricular, de acordo com as sugestões de cada escola.
O secretário da Educação, Gabriel Chalita, disse, por meio de nota, que o processo representa a "democratização" do setor.
"Os profissionais da educação sempre se queixaram de que nunca eram ouvidos. Vamos mudar isso. A secretaria está abrindo um canal de comunicação."
As escolas também apontaram sugestões para o calendário 2003, como inclusão de programas esportivos, concurso literário para alunos, gincanas de solidariedade e discussões sobre sexualidade, violência e drogas.

Falta de informação
O presidente da Apeoesp (sindicado dos professores), Carlos Ramiro de Castro, reclamou que a possibilidade de aumentar a carga horária para incluir novas disciplinas como filosofia, sem excluir matérias básicas, não ficou clara para os docentes a tempo.
Segundo ele, o informe original da secretaria enviado às escolas não esclarecia que poderia haver aumento de carga horária. "Só soubemos disso no dia 11 (quarta-feira), quando foram publicadas entrevistas do secretário."
A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação informou que a proposta completa foi publicada no "Diário Oficial" do Estado e divulgada para todas as escolas por e-mail nos dias 4 e 5.
Castro disse que pretende tentar uma audiência na segunda-feira com o secretário Chalita para pedir que a votação seja refeita. "Precisamos de mais tempo para discutir as propostas nas escolas."

Garantir qualidade
O diretor de Assuntos Sindicais da Udemo (sindicato dos diretores), Volmer Aureo Pianca, afirmou que, independentemente do modelo escolhido, "a preocupação deve ser com a qualidade do ensino".
"Se vamos ter duas aulas de história em vez de quatro, o importante é que as duas sejam bem dadas", afirma. Segundo ele, as escolas precisam de estrutura física adequada, de modo que o modelo pedagógico adotado funcione.
"Agora as escolas devem planejar 2003 para que os projetos escolhidos sejam bem desenvolvidos."


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