São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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TRAGÉDIA
Horácio Sotelo, argentino, é suspeito de imprudência; motorista do primeiro acidente continua detido
Motorista do segundo acidente é preso

WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Rio do Sul

O motorista argentino Horácio Candido Sotelo, da Island Turismo, foi preso em flagrante às 23h de anteontem. Ele é suspeito de imprudência no segundo acidente rodoviário com ônibus de turistas argentinos na BR-470, em Pouso Redondo (SC), que causou a morte de cinco pessoas, na quinta-feira.
A Justiça decidiu mantê-lo preso, por tempo indeterminado. A medida vale também para o motorista Jaime Victor Hugo, preso sob a mesma acusação. Ele dirigia o ônibus da empresa Gimezes que tombou e colidiu com um veículo brasileiro, provocando a morte de 39 pessoas na quarta-feira.
A juíza Quitéria Tomanini Peres, do Rio do Sul, negou, no final da manhã de ontem, pedido para libertar Victor Hugo.
Os advogados do motorista, contratados na cidade, argumentaram que o Código Brasileiro de Trânsito não prevê a prisão preventiva para pessoas envolvidas em acidentes. Eles alegaram, ainda, que Victor Hugo tem bons antecedentes e endereço fixo.
A juíza disse que não libertou o argentino por não saber qual a responsabilidade dele no acidente. "Estamos numa fase muito importante de produção de provas. Seria precipitado libertar agora, pois trata-se de uma pessoa de outro país, e podemos ter dificuldades de encontrá-lo mais tarde."
Indiciado por homicídio culposo (não-intencional), Jaime Victor Hugo está preso em uma cela especial no presídio da cidade de Ituporanga.
Sotelo está sob custódia policial no Hospital Regional de Rio do Sul, onde se recupera de uma fratura na perna. Ele também foi indiciado em inquérito por homicídio culposo e será transferido para a cadeia após ter alta médica. Sotelo não tinha, até a tarde de ontem, constituído advogado para representá-lo.
"No acidente de quinta, a polícia já tem provas testemunhais de que houve excesso de velocidade. Isso pode complicá-lo", disse a juíza.
A perícia constatou que o ônibus da empresa Island Turismo estava com o tacógrafo (aparelho que registra a velocidade) adulterado. "O aparelho foi mexido de tal forma que a velocidade não era registrada. Isso é uma irregularidade muito grave", disse Celito Gorgiolo, perito da Polícia Civil que vistoriou os dois ônibus na tarde de ontem.
Das 50 pessoas feridas no primeiro acidente, 23 continuavam internadas no Hospital Regional de Rio do Sul (170 km ao centro-oeste de Florianópolis). Duas delas correm risco de morte.
As 50 pessoas feridas no segundo acidente -ocorrido 30 horas depois do primeiro- estavam internadas ontem no mesmo hospital. Os passageiros em melhor estado teriam alta médica, inclusive para continuar a viagem para Balneário Camboriú, se quisessem.
Os corpos dos 38 argentinos mortos na quarta-feira chegaram na manhã de ontem a San Miguel de Tucumán (leia texto nesta pág.). Os outros cinco mortos no segundo acidente seriam transportados ainda ontem para a cidade de Formosa (Argentina).


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