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ENSINO SUPERIOR
Projeto estabelecerá metas para as instituições em aspectos como aumento de vagas e administração
Universidades de SP terão plano diretor
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
As universidades estaduais paulistas e o governo estadual estão
elaborando um inédito plano diretor para o ensino superior de
São Paulo, previsto para ser finalizado até julho deste ano. O projeto estabelecerá objetivos e metas
para essas instituições em aspectos como aumento de vagas oferecidas e administração.
A implementação do programa
será acompanhado pelo Conselho
Estadual de Ciência e Tecnologia
e por um comitê executivo, formado por 18 especialistas, entre
eles dois secretários de Estado e os
reitores das universidades.
O plano diretor será aplicado à
USP, Unesp, Unicamp, Fatecs (faculdades de tecnologia) e às ETE's
(escolas técnicas). O projeto definirá como ocorrerá o crescimento
até 2020 desse sistema, que atualmente atende a apenas cerca de
10% dos 1,1 milhão de estudantes
do ensino superior do Estado.
As universidades chegam a receber críticas de diversos setores
por terem um atendimento baixo,
enquanto recebem quase 10% de
toda a arrecadação do Estado.
Acompanhamento
Os aspectos que o plano diretor
abordará são: demanda (evolução
e necessidades regionais); acesso
(expansão de vagas e inclusão social); organização e administração; custos e financiamento; e
inovação e competitividade.
"O mais importante é que haverá um acompanhamento permanente dos resultados, o que nunca
ocorreu antes", afirmou o secretário-executivo de Ciência e Tecnologia do Estado, Lourival Monaco, que será responsável pela elaboração do texto final do projeto,
juntamente com o professor Renato Pedrosa, da Unicamp.
As instituições de ensino envolvidas deverão apresentar a cada
dois meses um relatório sobre a
implementação do plano para a
análise do Conselho Estadual de
Ciência e Tecnologia. Ainda não
foi definido quais serão as conseqüências caso as instituição não
sigam o cronograma.
Cerca de 150 pessoas participam
da elaboração do plano. Esses especialistas estão colhendo dados
para, depois, formular as propostas de mudanças. As informações
serão utilizadas na elaboração do
texto final, que terá de ser aprovado pelo comitê executivo.
Posteriormente, este mesmo
grupo também será responsável
pelo acompanhamento da implementação do projeto.
O plano passará ainda pela análise da Assembléia Legislativa, onde será votado. A intenção, com
isso, é que o projeto não seja
abandonado devido às mudanças
de governo -o mandato de Alckmin se encerra ao final deste ano.
"Isso será necessário para que o
plano seja uma política do Estado
e não do governo", disse Monaco.
Para o presidente da Adusp (associação de docentes da USP), César Minto, porém, o modo como
o plano está sendo desenvolvido
impede que ele seja visto como
um projeto de Estado. "O universo de quem está fazendo o plano é
muito restrito. E são todos ligados
à burocracia universitária."
Minto defende que o plano deveria ser discutido por alunos,
professores e funcionários das
universidades, para que houvesse
uma maior diversidade de opiniões. "E cada um veria o programa como seu, o que aumenta as
chances de ele dar certo." Apesar
dessa ressalva, ele se disse favorável à criação do plano diretor.
Aproveitamento
Freqüentemente, as universidades estaduais paulistas são questionadas com relação aos altos investimentos que recebem -quase 10% de toda a arrecadação estadual -em troca do atual atendimento aos estudantes, considerado baixo (10% da rede).
Tal argumento já foi utilizado
até pelo próprio governo Geraldo
Alckmin (PSDB), por intermédio
de seu líder na Assembléia Legislativa, deputado Edson Aparecido. Ele ressaltou que era necessário rediscutir o papel dessas universidades ao explicar, em setembro passado, o motivo de o governo ter vetado o aumento de verbas para essas instituições, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2006, aprovada pelos
deputados.
Como contraponto, pode-se
considerar a qualidade de ensino
dessas universidades e sua importância para a pesquisa nacional
-essas instituições abrigam 50%
de todos os alunos de pós-graduação do país e a USP, sozinha, é responsável por um quarto da produção científica brasileira.
O plano diretor que está sendo
desenvolvido atualmente é uma
continuação do projeto de expansão de vagas iniciado em 2001,
que foi proposto pelo Cruesp
(conselho que reúne os reitores da
USP, Unesp e Unicamp).
Inicialmente, o plano previa um
aumento de 3.000 vagas, mas chegou a 5.500 até o ano passado, incluindo o campus da USP na zona
leste da capital paulista.
Apesar desse crescimento, a demanda continua alta. Nos vestibulares abertos no ano passado,
enquanto as instituições de ensino superior vinculadas ao Estado
ofereceram 25 mil vagas, houve
mais de 400 mil inscrições.
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