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EDUCAÇÃO
Quase a metade dos estudantes já trabalhou
Enem atrai alunos de baixa renda interessados no ensino superior
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Praticamente a metade dos alunos atraídos pelo Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio) no
ano passado tem renda baixa, já
trabalhou enquanto cursava o ensino médio para ajudar a família
ou tentar ser independente e se
classifica como negro ou pardo.
Além disso, 55,76% têm mais de
19 anos, ou seja, estão fora da faixa
etária regular para o ensino médio. Esse perfil, obtido por meio
de questionários socioeconômicos recém-tabulados do Enem,
ajuda a explicar o motivo apontado pela maioria para prestar a
prova, que não é obrigatória
-67% deles dizem ter sido para
entrar no ensino superior.
O resultado vai ao encontro da
expectativa do governo federal,
que passou a usar o Enem como
porta de entrada para um dos
principais projetos do governo
Lula, o Prouni (Programa Universidade para Todos). Por meio do
Prouni, alunos com renda familiar de até três salários mínimos
recebem bolsas integrais ou parciais de 50% da mensalidade para
estudar em instituições particulares. Em contrapartida, elas podem obter isenção fiscal.
A nota do Enem é usada ainda
por cerca de 470 instituições de
ensino superior nos processos seletivos para cursos de graduação.
Em 2005, a prova do Enem foi
realizada por 2,199 milhões de
alunos, maior número desde
1998, quando foi criado. Do total,
74% são egressos da rede pública.
Como o Enem tem o objetivo de
ajudar o estudante a fazer uma
avaliação de seus conhecimentos,
pode ser prestado também por
pessoas que já concluíram o ensino médio. No ano passado, 43%
estavam nessa situação.
Os dados socioeconômicos do
Enem não são comparáveis de
um ano para outro, mas servem
para dar uma tendência da mudança de perfil dos que o procuraram. Enquanto no ano passado
48,53% disseram ter renda familiar de até dois salários mínimos,
num universo de 1,95 milhão dos
que responderam ao questionário, esse percentual em 2004 foi de
35,8% entre um total de 1,002 milhão de estudantes. O principal
motivo para prestar o Enem também mudou. A maioria alegou
que seria para entrar na universidade. Em 2004, 45% diziam ter interesse em testar conhecimento e
capacidade de raciocínio.
Corroborando resultados de
outras pesquisas, o desempenho
no Enem está ligado às faixas etária e de renda. Tiveram as melhores notas alunos com renda mais
alta e menor idade. Exemplo: enquanto cerca de 80% dos sem renda ou com até um salário mínimo
tiveram desempenho na faixa de
até 40 pontos (de zero a cem) na
prova objetiva, cerca de 40% dos
alunos com renda acima de dez
salários mínimos tiveram notas
com mais de 70 pontos.
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