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Com lama até os joelhos, bombeiros trabalham sob o risco de desabamento
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Com lama até os joelhos, escavando manualmente e sob o
risco iminente de serem soterrados, os bombeiros trabalham
com dificuldades nas buscas
pelas vítimas do desabamento
das obras da futura linha 4 do
Metrô, em Pinheiros, na zona
oeste de São Paulo.
As escavações estão concentradas em dois pontos: dentro
do túnel e na boca do fosso. Como a movimentação das máquinas retroescavadeiras na
parte superior acabou fazendo
a terra se deslocar dentro do túnel, a opção dos bombeiros foi
tentar retirar pelo túnel o microônibus, que havia sido encontrado por volta das 8h.
"É um trabalho minucioso,
que requer muito cuidado da
gente para ninguém se ferir.
Para você ter uma idéia, as escavações dentro do túnel estão
sendo feitas manualmente.
Posso dizer que está muito difícil porque a terra é arenosa e
chegamos até a perder a visualização da van num certo momento", afirmou o tenente-coronel Francisco Tenório, do
grupo de resgate do Corpo de
Bombeiros.
Com lama já seca cobrindo as
botas, o oficial informou que
retroescavadeiras também foram utilizadas no interior do
túnel, mas que as pás eram as
ferramentas mais seguras. "O
risco de desmoronamento é
constante."
Vazamentos
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, José Luiz Pacca, admitiu que as equipes de
buscas na superfície da cratera,
içadas a 40 metros de profundidade, estão sob o risco iminente de serem soterradas.
Como as barreiras de contenção não foram concluídas sobre
as paredes do buraco, existe o
perigo de um novo deslizamento, devido a vazamentos de
água que se misturam ao solo.
"Esse risco é o nosso principal drama no atual estágio das
buscas", reconheceu Pacca.
O coordenador disse ainda
que o risco de deslizamentos
também ocorre no túnel da
obra sob a rua Ferreira Araújo.
"Não houve ainda um novo desmoronamento grande, o que há
o tempo inteiro são acomodações e escorregamentos do solo
que dificultam as buscas."
Cerca de 30 bombeiros se revezavam ontem nas escavações. Contavam com a ajuda de
70 funcionários da concessionária da obra.
Outra dificuldade encontrada pela equipe de resgate era a
iluminação precária dentro do
túnel. Por isso, os trabalhos
eram intensificados entre o
amanhecer e o final da tarde.
Calor
O ritmo intenso das buscas
fez até com que o operador de
uma escavadeira, que trabalhava sob o Sol e o calor intenso de
31C, passasse mal e desmaiasse. Ele fazia a terraplanagem na
parte de cima do fosso.
Apesar de ainda se recusarem admitir a possibilidade de
não haver mais sobreviventes,
os grupos de resgate já haviam
providenciado ontem duas unidades móveis do IML (Instituto Médico Legal), que estavam
estacionadas no local.
Os bombeiros que trabalham
nas escavações a procura de vítimas soterradas na obra das
futuras instalações do metrô tiveram suas folgas cassadas.
Uma bolsa com documentos
foi encontrada pela equipe de
resgate durante a tarde, mas
era de um funcionário da concessionária da obra que já tinha
escapado do acidente.
Os trabalhos de escavações
em cima e no túnel foram interrompidos às 18h. Por volta das
20h, as escavadeiras voltaram a
funcionar sobre a cratera.
Colaborou o "Agora"
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