São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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Com lama até os joelhos, bombeiros trabalham sob o risco de desabamento

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com lama até os joelhos, escavando manualmente e sob o risco iminente de serem soterrados, os bombeiros trabalham com dificuldades nas buscas pelas vítimas do desabamento das obras da futura linha 4 do Metrô, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.
As escavações estão concentradas em dois pontos: dentro do túnel e na boca do fosso. Como a movimentação das máquinas retroescavadeiras na parte superior acabou fazendo a terra se deslocar dentro do túnel, a opção dos bombeiros foi tentar retirar pelo túnel o microônibus, que havia sido encontrado por volta das 8h.
"É um trabalho minucioso, que requer muito cuidado da gente para ninguém se ferir. Para você ter uma idéia, as escavações dentro do túnel estão sendo feitas manualmente. Posso dizer que está muito difícil porque a terra é arenosa e chegamos até a perder a visualização da van num certo momento", afirmou o tenente-coronel Francisco Tenório, do grupo de resgate do Corpo de Bombeiros.
Com lama já seca cobrindo as botas, o oficial informou que retroescavadeiras também foram utilizadas no interior do túnel, mas que as pás eram as ferramentas mais seguras. "O risco de desmoronamento é constante."

Vazamentos
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, José Luiz Pacca, admitiu que as equipes de buscas na superfície da cratera, içadas a 40 metros de profundidade, estão sob o risco iminente de serem soterradas.
Como as barreiras de contenção não foram concluídas sobre as paredes do buraco, existe o perigo de um novo deslizamento, devido a vazamentos de água que se misturam ao solo.
"Esse risco é o nosso principal drama no atual estágio das buscas", reconheceu Pacca.
O coordenador disse ainda que o risco de deslizamentos também ocorre no túnel da obra sob a rua Ferreira Araújo. "Não houve ainda um novo desmoronamento grande, o que há o tempo inteiro são acomodações e escorregamentos do solo que dificultam as buscas."
Cerca de 30 bombeiros se revezavam ontem nas escavações. Contavam com a ajuda de 70 funcionários da concessionária da obra.
Outra dificuldade encontrada pela equipe de resgate era a iluminação precária dentro do túnel. Por isso, os trabalhos eram intensificados entre o amanhecer e o final da tarde.

Calor
O ritmo intenso das buscas fez até com que o operador de uma escavadeira, que trabalhava sob o Sol e o calor intenso de 31C, passasse mal e desmaiasse. Ele fazia a terraplanagem na parte de cima do fosso.
Apesar de ainda se recusarem admitir a possibilidade de não haver mais sobreviventes, os grupos de resgate já haviam providenciado ontem duas unidades móveis do IML (Instituto Médico Legal), que estavam estacionadas no local.
Os bombeiros que trabalham nas escavações a procura de vítimas soterradas na obra das futuras instalações do metrô tiveram suas folgas cassadas.
Uma bolsa com documentos foi encontrada pela equipe de resgate durante a tarde, mas era de um funcionário da concessionária da obra que já tinha escapado do acidente.
Os trabalhos de escavações em cima e no túnel foram interrompidos às 18h. Por volta das 20h, as escavadeiras voltaram a funcionar sobre a cratera.


Colaborou o "Agora"


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