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Prefeitos vão esperar chuva para esvaziar área de represa
Administradores contrariam orientação de Serra, que quer saída imediata de moradores
"Tirar famílias com tudo seco seria um conflito danado", diz prefeito de Bom Jesus dos Perdões, que poderá ser atingida por água de represa
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Garoto passeia de pedalinho em canal de residencial em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco prefeituras das sete cidades que poderão ser atingidas pelo transbordamento das
represas do sistema Cantareira, sob operação da Sabesp, não
vão retirar ninguém previamente das áreas de risco, contrariando orientação do governador José Serra (PSDB), que
quer a retirada imediata de moradores das áreas mais críticas.
Ontem mesmo o governador
afirmou que há famílias que,
"provavelmente, precisam ser
deslocadas agora".
A Folha ouviu os prefeitos
de Piracaia, Nazaré Paulista,
Bom Jesus dos Perdões, Atibaia e Franco da Rocha. As cidades de Vargem e Bragança
Paulista podem ser atingidas,
apesar de o risco ser baixo, de
acordo com a Defesa Civil.
Em Bom Jesus dos Perdões,
perto de Atibaia, o próprio prefeito Calé Rigimik (PSDB) mora em um condomínio ao lado
do rio Atibainha, em uma área
que pode ser inundada nos próximos dias, segundo a Sabesp.
"Uma coisa é o governador
dizer [que as famílias em zona
de alto risco precisam ser retiradas]. Mas tentar tirar as famílias com tudo seco seria um
conflito danado. Já retiramos
30 famílias de áreas já alagadas.
Outras 300 poderão ter de sair,
inclusive a minha", diz Rigimik.
Segundo a Defesa Civil do
Estado, existem 750 famílias
potencialmente atingidas em
56 áreas de risco. O prefeito de
Atibaia, José Bernardo Denig
(PV), diz que o plano da Defesa
Civil municipal já está pronto.
Caso ocorra o transbordamento, a água em excesso vai
demorar algumas horas para
chegar a Atibaia, diz Denig.
Neste caso, pelos menos 80 famílias terão de ser retiradas.
"Estamos com uma previsão
de chuva forte para amanhã
[hoje], provavelmente em uma
quantidade próxima a do dia 1º
[de janeiro]. É possível que
ocorram problemas", disse o
prefeito. As cidades da região já
podem ter alguns bairros atingidos mesmo que as represas,
rio acima, não transbordem.
Só o aumento do fluxo do rio,
por causa da abertura controlada das barragens, é suficiente
para as enchentes. "Nos últimos anos, por causa da estiagem, as várzeas do rio acabaram ocupadas", diz Denig.
A prefeita de Piracaia, Fabiane Santiago (PV), a cidade mais
próxima das barragens administradas pela Sabesp, diz que
não vê motivo para alarme. O
município tem 400 famílias
que podem ser atingidas.
Em Franco da Rocha, na
Grande São Paulo, o rio Juqueri atravessa o município. Um
aumento do nível dele cortaria
a cidade ao meio, trazendo
muito prejuízos materiais.
Ontem, Serra disse que, em
uma situação extrema, a Defesa Civil do Estado poderá agir e
retirar as pessoas. "Não existe
motivo para pânico. Se a prevenção for bem feita minimiza-se incrivelmente qualquer espécie de tragédia", disse.
(EDUARDO GERAQUE, DANIEL BERGAMASCO E
CATIA SEABRA)
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