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DISCRIMINAÇÃO
Condômino pede demissão de funcionário negro
Porteiro de condomínio carioca
acusa engenheiro de racismo
da Sucursal do Rio
O porteiro José Carlos Marins
Nascimento, 32, funcionário de
um condomínio na Barra da Tijuca (zona sul do Rio), acusou ontem de racismo o engenheiro chileno Daniel Rodrigues Ortiz, morador do edifício. O caso foi registrado como injúria qualificada por
racismo na 16ª DP (Delegacia Policial), na Barra.
Ortiz é aluno do curso de mestrado em engenharia oceânica da
Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Ele foi procurado em casa e na universidade e não
foi encontrado.
O porteiro disse que a confusão
começou em setembro de 97,
quando o engenheiro chegou ao
condomínio Summer Coast durante um temporal e encontrou os
portões fechados. Segundo o porteiro, Ortiz se dirigiu à guarita, reclamou porque os portões estavam
fechados e o agrediu verbalmente.
"Ele disse que a minha raça não
valia nada, que pretos e judeus não
tinham nem que existir."
O síndico do condomínio, Carlos Eduardo Schaefer, disse que,
no dia 31 de dezembro, Ortiz o
procurou e, usando argumentos
racistas, pediu que o porteiro fosse
demitido. "Ele pediu a demissão
do funcionário e me disse que não
pagava condomínio para pagar salário de preto", afirmou o síndico.
Schaefer disse que advertiu Ortiz
de que racismo é crime no Brasil.
Segundo o síndico, o condômino
respondeu afirmando que tinha
"imunidade diplomática".
Nascimento procurou o Ceap
(Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) e registrou o
caso na delegacia.
O secretário-executivo do Ceap
(Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), Ivanir dos
Santos, disse que levará o caso à
Secretaria Nacional de Direitos
Humanos e à Polícia Federal.
O Consulado do Chile no Rio informou que desconhecia o caso e
que, até a tarde de ontem, não fora
procurado por Ortiz.
Novo caso
Em Botafogo (zona sul), um suposto caso de racismo no prédio
onde mora a atriz Vera Gimenez
terminou em confusão e foi parar
na delegacia.
O técnico negro Joel Jacob da Silva chegou ao prédio para consertar o ar-condicionado do apartamento da atriz. A síndica Sueli
Guirelli impediu que ele entrasse
pela portaria social.
A atriz achou que Silva estava
sendo discriminado por ser negro
e discutiu com a síndica. "Em nenhum momento se disse que era
porque ele era negro, mas, claramente, houve racismo."
A atriz e a síndica trocaram ofensas verbais. A filha da atriz, a modelo Luciana Gimenez, entrou na
discussão e trocou tapas com a síndica. Vera e a filha registraram
queixa contra a síndica por injúria
e lesões corporais. A síndica negou
as acusações de discriminação. Ela
também registrou queixa de lesão
corporal contra Luciana Gimenez.
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