São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeita encontra pesos pesados da economia e discute cessão de recursos para projetos de apoio à infância

Marta reúne empresários e pede doação

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), reuniu-se ontem com empresários para pedir a doação de 1% do Imposto de Renda das empresas para o Fumcad (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente).
O encontro serviu, também, para a criação de um grupo informal de trabalho, integrado por empresários, que terá como função discutir, mensalmente, problemas e apontar soluções para a cidade.
O ex-prefeito Celso Pitta (PTN) também criou uma equipe semelhante, chamado GAP (Grupo de Apoio ao Prefeito).
Do encontro de ontem participaram 12 empresários. Outros quatro, cujos nomes não foram revelados e que não compareceram por motivos de doença ou viagem, também integrarão o grupo, segundo a prefeitura.
Marta disse que expôs a seus convidados alguns pontos nos quais a cidade tem encontrado dificuldades, como o número insuficiente de creches para atender a demanda. "Eles se prontificaram a doar 1% do Imposto de Renda, e isso irá nos ajudar a dar conta de uma parcela das 200 mil vagas que faltam", afirmou.
A prefeita disse que a "colaboração dos empresários foi muito grande, assim como tem sido a da classe média e da periferia". De acordo com Marta, "todos (os empresários) vão fazer o maior esforço" para canalizar recursos para o Fumcad. "Não é alguma coisa que vai tirar a mais, mas 1% do IR que a empresa já paga."
A lei municipal que criou o Fumcad é baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e possibilita à pessoa jurídica doar 1% do que pagaria de IR ao fundo. Os recursos devem ser utilizados em benefício das crianças.
Na saída, apenas Antonio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, confirmou que atenderá o pedido da prefeita. "Já vim para cá (para a reunião) com um estudo sobre o assunto", disse Antonio Ermírio. Na opinião do empresário, "em vez de pagar ao governo federal, paga-se ao município, que é onde vivemos".
Paulo Cunha, do grupo Ultra, autor da proposta de reuniões mensais, considerou que o encontro de ontem ainda não provocou nenhuma ação concreta.
A mesma avaliação foi expressa por Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco. "O encontro foi para ver de que forma se pode colaborar para equacionar os problemas da cidade, mas a reunião foi muito preliminar." Mesmo assim, disse que "o Bradesco pode colaborar na área de informática ou em qualquer outra".
Também participaram do almoço José Mindlin (ex-Metal Leve), Roberto Civita (Abril), Luiz Fernando Furlan (Sadia), Cláudio Bardella (grupo Bardella), Vânia Ferro (3COM), Guilherme Leal (Natura), Horácio Lafer (presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Fiesp), Ricardo Semler (Semco) e Eugênio Staub (Gradiente).
A prefeita afirmou que os empresários se comprometeram a falar com seus sócios, e Piva, segundo Marta, vai pedir, via Fiesp, que outros colaborem. "Isso vai nos possibilitar fazer, pelo menos, os planos e começar a construção das creches."
A presença de 12 dos maiores empresários do país na prefeitura alterou a rotina do Palácio das Indústrias. Os guardas da Guarda Civil vestiam uniforme de gala, com luvas brancas. Alguns empresários chegaram com aparato de vigilância. Lázaro Brandão e Horácio Lafer foram no mesmo helicóptero. Vânia Ferro foi mais discreta, preferiu um táxi.
O almoço foi servido pelo serviço do restaurante do Hotel Emiliano, que será inaugurado na rua Oscar Freire. No cardápio, palmito ralado, patê de "foie gras", codorna recheada com frutas secas, purê de mandioquinha com molho de jabuticaba e, de sobremesa, sopa de frutas e sorvetes de frutas vermelhas com sorvete de creme.
Segundo a assessoria de Marta, o almoço foi doado pelo hotel à prefeitura.




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