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SAÚDE
Diminui incidência de hepatite C
JAIRO BOUER
especial para a Folha
A batalha contra a hepatite C
-um dos maiores problemas de
saúde pública hoje em todo o
mundo- começa a conquistar
suas primeiras vitórias.
Pesquisa realizada pelo NIH
(Instituto Nacional de Saúde dos
EUA) aponta que a incidência da
doença -número de pessoas que
adquire a infecção em um ano-
está caindo. Hoje, ela é da ordem
de 3 por 1 milhão de habitantes.
No começo da década de 90, o número era de 15 por 1 milhão.
Hoel Sette Júnior, presidente da
Sociedade Paulista de Hepatologia
e médico do Hospital Emílio Ribas, diz que o maior controle dos
bancos de sangue, as campanhas
de informação e as medidas de
prevenção adotadas por causa da
Aids são fatores que derrubaram
as taxas de infecção nos EUA.
Segundo Sette Júnior, no Brasil,
ainda não existem dados disponíveis para saber se o país segue a
tendência norte-americana.
Apesar da queda na incidência, o
número de casos deve dobrar ou
triplicar ainda nas duas próximas
décadas. Isso acontece porque
pessoas que já tinham o vírus vão
começar a adoecer ou ter o diagnóstico revelado por meio de um
exame de sangue.
O vírus causador da hepatite C
(HCV) só foi identificado em 1989
e o teste para sua detecção ficou
pronto apenas em 1991. Quem recebeu transfusão de sangue ou
doação de órgão antes desse período é grupo de risco para a doença.
Quem teve diagnóstico de hepatite
não-A e não-B antes da testagem
do vírus C também tem altíssimo
risco de estar contaminado.
A hepatite C é hoje a principal
causa de câncer hepático e de
transplante de fígado em todo o
mundo -300 milhões de pessoas
estão infectadas pelo HCV hoje. A
Unaids prevê que, no ano 2000, o
HIV (vírus da Aids) deve contaminar 40 milhões de pessoas (7 vezes
menos que o HCV).
No Brasil, pesquisa realizada em
97 pela Sociedade Brasileira de
Hepatologia, com bancos de sangue e especialistas em fígado de todo país, revelou que 1,23% da população pode ter o vírus (quase 2
milhões de brasileiros).
Para vencer o HCV, pesquisadores e laboratórios têm investido
pesado. No começo da década, o
uso de interferon -substância
que estimula o sistema imunológico- alcançava sucesso (desaparecimento do vírus no sangue e normalização da função hepática) em
apenas 23% dos pacientes.
Sette Júnior diz que, alguns anos
depois, a associação do interferon
com o antiviral ribavirina emplacava quase 50% de sucesso.
Agora, novos estudos apontam
que uma nova forma de interferon
-que mantém níveis constantes
de droga no corpo- pode alcançar sucesso em até 73% dos pacientes.
No Brasil, o hospital Emílio Ribas e a Unicamp vão participar do
estudo da nova droga. Trabalhos
apontam o sucesso com outra droga: a interleucina 12.
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