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DE DIA FALTA ÁGUA E DE NOITE FALTA LUZ
Blecautes, cortes d'água e telefonia ruim fazem crescer reclamações ao Procon
Caos toma os serviços públicos no Rio
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
Os principais
serviços públicos do Rio vivem uma situação de caos. Os
blecautes de
energia elétrica
viraram rotina neste verão, os telefones funcionam mal, a falta d'água é frequente em vários pontos
e, nos transportes, os usuários enfrentam desconforto, horários irregulares, assaltos e maus-tratos.
No Procon (Programa Estadual
de Orientação e Proteção ao Consumidor), as reclamações contra
os serviços de telefonia, eletricidade, água e gás encanado somaram
4.071 no ano passado, mais que o
dobro das 1.942 do ano anterior.
Em relação ao total de reclamações no Procon, as dirigidas contra as empresas que operam os
quatro serviços acima passaram
de 7,7% em 96 para 14,5% em 97.
Os serviços são prestados pela
Telerj (Telecomunicações do Rio
de Janeiro S.A.), Light Serviços de
Eletricidade, Cerj (Companhia de
Eletricidade do Rio de Janeiro),
Cedae (Companhia Estadual de
Águas e Esgoto) e CEG (Companhia Estadual de Gás).
A Telerj liderou as reclamações
no Procon em 97 (2.955 casos e
1.193 no ano anterior).
Das cinco empresas, apenas a
Cerj e a CEG tiveram menor número de reclamações de um ano
para o outro. A primeira caiu de 45
para 35 e a segunda de 50 para 42.
O incêndio do aeroporto Santos
Dumont (região central) na sexta-feira veio como que para sacramentar o caos.
Hidrantes que deveriam fornecer a água para combater o fogo
não tinham pressão suficiente e os
bombeiros levaram escada e mangueira com defeito.
A Telerj assume a carapuça de
campeã das reclamações e promete melhores dias em 99. Segundo
Mílton Costa, gerente do Departamento de Comunicação Social, 10
anos de baixos investimentos sucatearam parte da rede.
Os investimentos, segundo ele,
ficaram em cerca de R$ 250 milhões por ano, quando era essencial R$ 1 bilhão.
Só a partir de 96 o dinheiro necessário começou a chegar, mas,
segundo ele, é preciso tempo para
mudar o quadro.
Os problemas seriam a defasagem técnica de muitas estações e a
demanda por novas linhas. A Telerj promete trocar as estações e
atender à demanda até 99.
Para a Light e a Cerj, privatizadas
em 96, a onda de blecautes é resultado de um verão muito quente,
que aumentou o consumo de
energia, e de um passado de baixos
investimentos. Mas os esquemas
das empresas para o verão foram
rejeitados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A agência primeiro pediu que
elas reforçassem os esquemas e, na
semana passada, multou a Light
em R$ 2 milhões e a Cerj em R$
800 mil, por queda na qualidade
dos serviços aos consumidores.
Junto com a falta de luz, o verão
trouxe a falta de água. O problema
atinge principalmente a periferia,
mas áreas nobres, como o Alto Leblon (zona sul), não estão imunes.
O presidente da Cedae, José
Maurício Nolasco, disse que o déficit de água do Rio é de 1% da necessidade da população.
A falta de água, especialmente
em Niterói e São Gonçalo (a 13 km
e 20 km do Rio, respectivamente),
decorreria mais da deficiência da
rede de distribuição do que da escassez.
Nolasco disse que áreas altas, como o Alto Leblon, sofrem por deficiência das bombas que levam a
água até elas.
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