São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 1998

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DE DIA FALTA ÁGUA E DE NOITE FALTA LUZ
Blecautes, cortes d'água e telefonia ruim fazem crescer reclamações ao Procon
Caos toma os serviços públicos no Rio

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio


Os principais serviços públicos do Rio vivem uma situação de caos. Os blecautes de energia elétrica viraram rotina neste verão, os telefones funcionam mal, a falta d'água é frequente em vários pontos e, nos transportes, os usuários enfrentam desconforto, horários irregulares, assaltos e maus-tratos.
No Procon (Programa Estadual de Orientação e Proteção ao Consumidor), as reclamações contra os serviços de telefonia, eletricidade, água e gás encanado somaram 4.071 no ano passado, mais que o dobro das 1.942 do ano anterior.
Em relação ao total de reclamações no Procon, as dirigidas contra as empresas que operam os quatro serviços acima passaram de 7,7% em 96 para 14,5% em 97.
Os serviços são prestados pela Telerj (Telecomunicações do Rio de Janeiro S.A.), Light Serviços de Eletricidade, Cerj (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro), Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto) e CEG (Companhia Estadual de Gás).
A Telerj liderou as reclamações no Procon em 97 (2.955 casos e 1.193 no ano anterior).
Das cinco empresas, apenas a Cerj e a CEG tiveram menor número de reclamações de um ano para o outro. A primeira caiu de 45 para 35 e a segunda de 50 para 42.
O incêndio do aeroporto Santos Dumont (região central) na sexta-feira veio como que para sacramentar o caos.
Hidrantes que deveriam fornecer a água para combater o fogo não tinham pressão suficiente e os bombeiros levaram escada e mangueira com defeito.
A Telerj assume a carapuça de campeã das reclamações e promete melhores dias em 99. Segundo Mílton Costa, gerente do Departamento de Comunicação Social, 10 anos de baixos investimentos sucatearam parte da rede.
Os investimentos, segundo ele, ficaram em cerca de R$ 250 milhões por ano, quando era essencial R$ 1 bilhão.
Só a partir de 96 o dinheiro necessário começou a chegar, mas, segundo ele, é preciso tempo para mudar o quadro.
Os problemas seriam a defasagem técnica de muitas estações e a demanda por novas linhas. A Telerj promete trocar as estações e atender à demanda até 99.
Para a Light e a Cerj, privatizadas em 96, a onda de blecautes é resultado de um verão muito quente, que aumentou o consumo de energia, e de um passado de baixos investimentos. Mas os esquemas das empresas para o verão foram rejeitados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A agência primeiro pediu que elas reforçassem os esquemas e, na semana passada, multou a Light em R$ 2 milhões e a Cerj em R$ 800 mil, por queda na qualidade dos serviços aos consumidores.
Junto com a falta de luz, o verão trouxe a falta de água. O problema atinge principalmente a periferia, mas áreas nobres, como o Alto Leblon (zona sul), não estão imunes.
O presidente da Cedae, José Maurício Nolasco, disse que o déficit de água do Rio é de 1% da necessidade da população.
A falta de água, especialmente em Niterói e São Gonçalo (a 13 km e 20 km do Rio, respectivamente), decorreria mais da deficiência da rede de distribuição do que da escassez.
Nolasco disse que áreas altas, como o Alto Leblon, sofrem por deficiência das bombas que levam a água até elas.



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