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VIOLÊNCIA
Vítima de atentado era responsável pela execução das penas de líderes do PCC e de Fernandinho Beira-Mar
Juiz é morto em Presidente Prudente
ALESSANDRO SILVA
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz-corregedor Antonio José
Machado Dias, 47, foi assassinado
ontem a tiros, depois de deixar o
Fórum de Presidente Prudente
(565 km da capital paulista). Ele
era responsável pelos principais
líderes presos do PCC (Primeiro
Comando da Capital) e pelo traficante carioca Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
ligado ao Comando Vermelho e
detido na vizinha Presidente Bernardes (589 km de SP).
O Vectra de Dias foi fechado por
um Fiat Uno, por volta das 18h30,
no centro da cidade. Da calçada,
um homem fez quatro disparos
de pistola 9 milímetros.
Dois tiros de pistola atingiram a
cabeça, um o tórax e outro o punho direito do juiz. O carro de
Dias bateu em uma árvore. O magistrado morreu no local.
Ontem, o desembargador Sergio Augusto Nigro Conceição,
presidente do Tribunal de Justiça
de São Paulo, disse que não descarta a possibilidade de o crime
ter relação com a função do juiz, a
quem cabia decidir sobre benefícios e pedidos de advogados dos
presos da região de Presidente
Prudente, incluindo os que estão
no CRP (Centro de Reabilitação
Penitenciária) de Presidente Bernardes, entre os quais Beira-Mar e
parte da cúpula do PCC.
"Não sei se tem relação, mas é
um indício que será apurado",
afirmou o desembargador. É a
primeira vez em 41 anos que um
juiz é assassinado desse modo em
São Paulo, segundo o TJ.
O Uno branco usado pelos assassinos, com placa de Presidente
Prudente, foi abandonado logo
depois. Provavelmente, a dupla
trocou de carro, o que pode indicar planejamento da ação.
Até as 23h de ontem, a polícia
não tinha pistas nem suspeitos
presos. Peritos de São Paulo estavam sendo esperados em Presidente Prudente para fazer o retrato falado dos dois suspeitos -um
homem branco, outro negro, ambos de estatura mediana- a partir de informações de duas testemunhas do assassinato.
"É um crime bárbaro, inadmissível, tem de ser apurado e punido
com todo o rigor. É um absurdo
que isso ocorra em um Estado democrático de Direito", disse ontem o procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, depois de designar três promotores para participar da investigação policial.
Desde o ano passado, a polícia
tem interceptado planos de atentados contra autoridades que
atuaram contra o PCC -policiais, promotores e secretários-,
em represália à criação do CRP de
Presidente Bernardes.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, disse ontem, por
meio de sua assessoria, que não
comentaria o caso.
O magistrado era conhecido como uma pessoa dura em suas sentenças e sério. Recentemente, ele
negou pedido de advogados de
Beira-Mar, que queriam visitá-lo
no CRP antes do final dos dez primeiros dias de isolamento completo imposto aos novos detentos.
Colaborou BETE GÁSPERI, free-lance para
a Agência Folha
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