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Sobrepeso atinge 43% dos adultos; 29% são sedentários
Levantamento inédito foi realizado pelo Ministério da Saúde em todas as capitais
Pesquisa foi feita por telefone e será repetida anualmente; dados devem orientar campanhas de prevenção e educação
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fatores ligados a doenças
crônicas e mortes precoces, o
sedentarismo e o excesso de
peso no país estão em níveis
alarmantes: 29% dos adultos de
todas as capitais brasileiras não
praticam atividade física alguma em casa, no trabalho ou no
lazer; 43% estão acima do peso,
sendo que 11% estão obesos.
É o que constata o primeiro
levantamento de vigilância de
fatores de risco à saúde do governo federal. O Vigitel é uma
pesquisa telefônica feita em todas as capitais -o que, para especialistas, compromete a qualidade da pesquisa. Será anual e
tem como objetivo rastrear e
acompanhar os hábitos dos
maiores de 18 anos que afetam
a incidência de doenças crônicas que podem ser prevenidas.
Para chegar aos dados de
obesidade e sobrepeso, o Vigitel usou peso e altura informados para calcular o IMC (Índice
de Massa Corporal), que é o peso (em kg) dividido pela altura
ao quadrado. Tem peso excessivo as pessoas com IMC acima
de 25. O obeso tem 30 ou mais.
O "ideal" seria 21.
Doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer e diabetes, entre outras, foram responsáveis por 63% de todas as mortes documentadas no país em
2004. Essas condições estão ligadas aos fatores pesquisados
pelo Vigitel: excesso de peso e
obesidade, inatividade física e
consumo de tabaco e álcool.
No geral o quadro foi considerado "preocupante" por governo e pesquisadores, especialmente entre homens, grupo
com maior prevalência de hábitos e comportamentos de risco
à saúde. Os dados devem orientar campanhas de prevenção.
Foi a primeira vez que foram
levantados dados dessa abrangência sobre o sedentarismo
brasileiro. "Foi assustador.
Quase 30% dos adultos estão
nessa situação", disse o professor Carlos Augusto Monteiro
do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP.
Duas tendências chamaram
a atenção: a completa inatividade física chega a 46% do grupo
de pessoas com mais de 12 anos
de escolaridade e é duas vezes
maior entre homens (40%) do
que entre mulheres (20%).
A explicação oferecida está ligada à definição de inatividade
física: não praticou nenhuma
atividade física no lazer nos últimos três meses, não realizou
esforços físico intensos no trabalho (andar ou carregar peso),
não se deslocou para o trabalho
a pé ou de bicicleta.
Além do sedentarismo, o Vigitel revela que o restante da
população não está praticando
atividade física "suficiente", isto é, 30 minutos diários de atividade leve ou moderada em
cinco dias da semana ou 20 minutos de atividade física intensa em dois dias da semana.
Apenas 15% dos adultos se
exercitam com essa freqüência,
o que ajuda a proteger contra
doença isquêmica do coração,
hipertensão, diabetes, osteoporose, entre outras doenças.
O excesso de peso atinge 47%
dos homens e 39% das mulheres. É mais freqüente entre os
mais velhos e diminui um pouco com a escolaridade. O excesso de peso salta de 21% entre jovens de 18 a 24 anos para 39%
entre adultos de 25 a 34 anos. A
obesidade segue a tendência.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), os índices brasileiros estão abaixo dos
da Argentina, México e Venezuela. Nos Estados Unidos, cerca de três quartos da população
têm excesso de peso.
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