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Ciclistas tiram a roupa para pedir uma São Paulo civilizada e com ciclovias
GIULIANA BASTOS
DA REVISTA DA FOLHA
Sem roupa e com irreverência, cerca de 800 ciclistas,
segundo estimativa da Polícia
Militar, circularam pelas ruas
de São Paulo na tarde de ontem. Alguns nus e outros seminus, enfeitados com máscaras, perucas, bexigas e de
corpo pintado, eles queriam
chamar a atenção não para si,
mas para o seu meio de transporte, a bicicleta.
A segunda edição da World
Naked Bike Ride SP começou
por volta do meio-dia no cruzamento da avenida Paulista
com a Consolação, onde centenas de curiosos se aglomeravam em meio a gritos de
guerra como: "Você que está
parado vai pedalar pelado" e
"Vai de bicicleta".
Apesar do clima de festa,
quebrado às vezes por ameaças da polícia, o protesto
apresentou também um tom
dramático, ao lembrar a morte da ciclista Márcia Regina
de Andrade Prado, 40, atropelada na própria Paulista em
janeiro. "A Márcia estava toda paramentada, com capacete, joelheira, cotoveleira. E
adiantou alguma coisa? É assim que nos sentimos: nus",
disse emocionado um participante e amigo da vítima que
não quis se identificar.
Do ajudante de sorveteiro
ao dentista, todos os participantes pediam uma São Paulo mais civilizada. "Queremos
ciclovias, faixas exclusivas, sinalização adequada", disse o
engenheiro Ronaldo Peri, 41.
"A gente se vê ameaçado a cada quarteirão."
Na Paulista, os ciclistas ficaram apenas seminus. Mas,
após conseguirem despistar o
policiamento, seguiram para
o Monumento às Bandeiras
(no Ibirapuera, zona sul), onde muitos tiraram a roupa,
mostraram nádegas e genitálias e partiram para a pedalada pelada pelos Jardins (zona
oeste) -antes de retornarem
à Paulista para encerrar o ato,
por volta das 17h.
Quando os policiais chegaram ao monumento, por volta das 16h, a maioria da turma
já havia saído para rodar pelos Jardins e quem restou já
estava vestido. Segundo a polícia, ninguém foi detido.
Em 2008, um ciclista tirou
a roupa, foi detido e teve de
cumprir pena por meio de
trabalho à comunidade.
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