|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTRADAS
Dinheiro deveria ser para conservação de rodovias
Empresas acusam governo de SP de desviar recursos para o Rodoanel
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas contratadas para fazer a conservação de rodovias administradas pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) estão reduzindo as obras de manutenção, sob a alegação de que o
governo paulista atrasa os pagamentos e desvia recursos dos pedágios para a execução do Rodoanel Mário Covas, obra considerada a "vitrine" política do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A receita da Dersa provém, basicamente, dos pedágios das rodovias Ayrton Senna, Carvalho
Pinto e Dom Pedro 1º. Os contratos prevêem que o dinheiro arrecadado tem que ser destinado à
manutenção das rodovias.
Dirigentes de empreiteiras que
evitam se identificar, por temer
retaliações do governo, confirmam que, no final de 2002, empresas de serviços de conservação
ameaçaram paralisar as obras em
pleno período de férias escolares.
Em janeiro, dirigentes da associação dos donos de empreiteiras
se reuniram com o secretário dos
Transportes, Dario Rais Lopes.
Um dos temas foi a busca de solução para os pagamentos devidos
por serviços de conservação.
Lopes confirma os atrasos, mas
diz que é "improcedente" a alegação de desvio de dinheiro do pedágio para o Rodoanel. Previsto
para ser executado com a participação da União e do município,
no ano passado o Rodoanel recebeu recursos destinados à área da
habitação, devido ao atraso de pagamentos pelo governo federal e
pelo não-interesse da administração municipal (desde a gestão de
Celso Pitta) no empreendimento.
A receita da Dersa é insuficiente
para fazer investimentos e pagar
compromissos assumidos. A empresa depende de aportes do acionista controlador, a Fazenda estadual, a título de adiantamentos
para futuro aumento de capital.
O Estado fez depósitos de R$
153,5 milhões em 2000 e de R$
469,3 milhões em 2001. O balanço
de 2002 será publicado neste mês,
mas a Dersa prevê uma receita de
R$ 144 milhões com pedágio em
2003. Em dezembro de 2001, a dívida total vencida com as empreiteiras chegava a R$ 233,9 milhões,
sendo R$ 129,6 milhões por conta
do Rodoanel e R$ 77 milhões correspondentes a processo judicial
movido pela Construtora Cowan.
As empreiteiras alegam que o
governo estadual não aumenta a
tarifa do pedágio para evitar o
desgaste político da medida e sistematicamente "empurra" as dívidas com as empresas encarregadas da conservação das rodovias.
Há mais de dois anos esses pagamentos são feitos com defasagem de cerca de três meses -o
governo evita que a dívida ultrapassasse os 90 dias, prazo-limite
para se pleitear indenização.
O atraso nos pagamentos comprometeria serviços de conservação de rotina. Empresários dizem
que o usuário não percebe que
certos serviços deixariam de ser
feitos por falta de verbas, como
obras nas encostas, trabalhos de
drenagem e limpeza de bueiros.
Texto Anterior: Sindicato já admite demissão de até 7.300 motoristas de ônibus Próximo Texto: Outro lado: Secretário nega favorecimento a empreiteiras Índice
|