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EDUCAÇÃO
Proposta do Universidade para Todos será enviada como projeto de lei ao Congresso, e não mais criada por medida provisória
Estatização de vagas pode ficar para 2005
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário do que pretendia o
Ministério da Educação, a proposta do programa Universidade
para Todos será enviada como
projeto de lei para discussão no
Congresso, e não mais criada por
meio de medida provisória.
Com isso, o programa corre o
risco de não ser implantado ainda
neste ano, como queria o ministro
da Educação, Tarso Genro. Ele
chegou a dizer que seria possível
chegar a algo entre 70 mil e 80 mil
vagas "estatizadas" nas faculdades privadas ainda em 2004.
A decisão foi tomada ontem em
reunião no Palácio do Planalto
com a participação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e mais
três ministros, além de Tarso.
É a segunda vez em oito dias que
o MEC recebe determinação do
Planalto para transformar uma
proposta que seria implantada
por medida provisória em projeto
de lei com o objetivo de "prestigiar os parlamentares".
"É melhor que o trabalho seja
feito de maneira totalmente harmônica com o Congresso, que, segundo informações que temos,
não estaria muito satisfeito de tratar esse tema por medida provisória", disse o ministro da Educação, logo após deixar o Planalto.
No último dia 6, também depois
de um encontro com Lula, Tarso
informou que a proposta da política de cotas para negros no ensino superior também seria transformada em projeto de lei.
A medida provisória entra em
vigor logo após assinatura do presidente e publicação no "Diário
Oficial" da União. Depois é enviada ao Congresso, que tem prazo
para votá-la e pode modificar o
texto ou não. Já o projeto vai para
a discussão dos parlamentares e
se transforma em lei somente
após a eventual aprovação.
Segundo Tarso, Lula quer que o
MEC apresente a proposta aos líderes do governo, receba sugestões e só depois envie o texto ao
Congresso. "O projeto de lei será
remetido em regime de urgência,
mas o presidente orientou para
aguardar dez dias para enviá-lo."
A Folha apurou que parlamentares, inclusive do próprio PT, reclamam que não têm recebido as
propostas do MEC para discutir.
O ministro chegou a divulgar no
início da semana que haveria hoje
solenidade no Planalto para a assinatura da medida provisória.
Após a reunião, o ministro afirmou ainda que a proposta precisa
de "adequações técnicas", mas
que a idéia central do Universidade para Todos será mantida.
O programa prevê a implantação de vagas gratuitas em instituições particulares de ensino superior destinadas a alunos com renda de até um salário mínimo.
No caso de instituições com fins
lucrativos, a idéia do MEC é que
destinem 10% das vagas a esses
alunos e, em contrapartida, recebam isenção de impostos.
Já as filantrópicas estarão automaticamente incluídas e passarão
a destinar 20% da receita à abertura de vagas. Hoje, essas instituições são obrigadas a converter esse índice em bolsa ou serviço (gratuidade). Entre essas vagas, haverá cotas para negros e índios.
Em manifesto divulgado ontem, cinco associações de instituições privadas contestam esses
percentuais. Tarso diz que eles
não serão modificados, mas que o
MEC está aberto a negociações.
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