DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de 24 horas após a Subprefeitura de Pinheiros ter retirado os moradores de rua da área sob o viaduto da avenida Sumaré, na rua João Moura (zona oeste de São Paulo), eles já haviam voltado ao local e improvisado, com tábuas, lonas e papelões, suas moradias.
Por volta das 12h de ontem, eram pelo menos sete "quartos", para 15 moradores de rua.
"Eu voltei ontem [anteontem] mesmo e essa noite eu e minha mulher já dormimos aqui. Não cheguei nem a levar minhas coisas para muito longe", disse Daniel, 26.
Na quarta-feira, ele já havia afirmado que voltaria assim que os funcionários da prefeitura deixassem o viaduto.
A operação da administração municipal realizada anteontem consistiu em retirar os pertences deixados sob o viaduto pelos moradores de rua e afastá-los do local.
Durante a ação, os cerca de 30 moradores de rua que haviam se instalado lá deixaram a área. No início da tarde de ontem, no entanto, metade deles já havia voltado ao local.
A ocupação dos moradores de rua sob o viaduto é motivo de queixas constantes dos vizinhos da área, em Pinheiros, que reclamam da sensação de insegurança, da obstrução das calçadas e do mau cheiro que fica no local.
De acordo com a assessoria de imprensa da Subprefeitura de Pinheiros, funcionários da administração voltaram ao local na tarde de ontem para repetir a operação realizada na véspera.
Além disso, uma ronda da GCM (Guarda Civil Metropolitana) será feita na área para evitar que o problema se repita. A prefeitura chegou a oferecer a ida dos moradores a um albergue, mas ninguém aceitou.
Problemas como o de Pinheiros revelam um dos principais problemas da cidade: a falta de moradia. Isso tem causado uma favelização sob pontes e viadutos e invasões em casas abandonadas. Segundo dados da prefeitura, atualmente, existe um déficit habitacional de aproximadamente 400 mil moradias.
(VICTOR RAMOS)


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