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CLIMA
Segundo Defesa Civil, 19 cidades atingidas precisam de cerca de 8.000 cestas básicas; oito já morreram no Estado
Chuva no Pará já faz faltar alimentos
THIAGO REIS
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
As chuvas que já atingiram 116
mil pessoas no Pará e causaram
oito mortes estão deixando parte
da população sem alimentos. O
último relatório da Defesa Civil
aponta que as 19 cidades atingidas
(16 em situação de emergência)
necessitam, com urgência, de
8.032 cestas básicas.
As inundações são provocadas
pelo transbordamento dos rios
Tapajós (oeste), Xingu (centro),
Araguaia e Tocantins (sul)
O Corpo de Bombeiros diz que
a situação está sob controle. "Nós
já começamos a entregar para as
pessoas que estão em abrigos as
primeiras cestas básicas", afirmou o capitão Marcos Victor Norat. Anteontem, foram distribuídas 10 mil, concedidas pelo governo federal, segundo o capitão.
A situação é bastante crítica em
Almeirim, que precisa de 1.775
cestas básicas. Há, na cidade, ao
menos 10 mil pessoas afetadas por
enchentes. A cidade já registrou
três mortes nos últimos dias. Foram duas crianças, uma de três
anos e outra de dez meses, e um
homem de 74 anos. Em todo o Estado, o número de desabrigados
sobe a cada dia. Já são 5.000. Há
ainda outros 14 mil desalojados.
Há dois municípios que somam
quase metade dos atingidos pelas
chuvas: Óbidos (com 22.135) e Eldorado do Carajás (com 23.500
pessoas afetadas).
Em Marabá, 2.220 moradores já
ficaram desabrigados e tiveram
de sair de suas casas.
A técnica de enfermagem Clorisvaldina Alves de Sousa, 47, já se
prepara para deixar a casa em que
mora no bairro de Santa Rosa, em
Marabá. Desde 1970, quando chegou de Tocantinópolis (GO) para
se casar, ela precisa deixar sua casa pelo menos uma vez por ano,
na época de chuva. Ela se muda
para a cada da irmã, em Novo Repartimento. Até agora, porém, "a
água só invadiu a cozinha."
Sem trabalhar há quase um ano,
Sousa, que mora com um filho
desempregado de 21 anos, disse
que não tem condições de se mudar definitivamente do local.
Ela diz ainda que, por conta das
enchentes, os locais estão sempre
cheios de cobras, ratos e baratas. E
que as pessoas de seu bairro vivem doentes.
Sem emprego
Cerca de 30 pessoas perderam o
emprego em razão da paralisação
de uma fábrica de cerâmica. Há
ainda prejuízo para os produtores
de leite. As perdas chegam a 35%,
cerca de 120 mil litros/dia -que
não conseguem ser escoados.
Há 150 técnicos do Corpo de
Bombeiros e da Defesa Civil na
operação. Um efetivo do Exército
também está presente nas cidades
em que há prejuízos.
De acordo com o Cptec (Centro
de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos), nas regiões central,
norte e oeste do Pará já choveu
entre 100 mm e 200 mm a mais do
que era previsto para todo o mês
de abril (em torno de 300 mm).
"É uma situação preocupante.
Há 20 dias chove sem parar nas
regiões de cabeceira [de rios]. E a
previsão é que essa situação piore", disse o capitão do Corpo de
Bombeiros Marcos Victor Lima
Norat, da Defesa Civil do Pará.
De acordo com informações do
Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão para hoje
no Pará é de tempo nublado a encoberto, com chuvas no centro,
oeste e sul do Estado. Nas demais
regiões do Pará, o tempo fica parcialmente nublado com pancadas
de chuva. Para amanhã e segunda, o instituto prevê mais chuva.
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