São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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OPINIÃO
500 anos de sucesso

ZÉLIO ALVES PINTO
Aproxima-se o dia em que completará meio milênio o início formal da experiência de construir a brasilidade -trabalho duro, que ainda hoje desenvolvemos. Mal sabiam os primeiros desembarcados das caravelas lusitanas que estavam dando início a uma grande confusão, que terminaria por criar o samba, o futebol e a cachaça.
Para lidar com o fato e suas decorrências, o governo federal instituiu a Comissão Nacional do Quinto Centenário do Descobrimento, e o estadual instituiu a Comissão Paulista para os 500 Anos.
Ambas trabalham em harmonia, com programas distintos. A comissão nacional tem seu epicentro em Cabrália, na Bahia, onde o fato histórico se deu, embora sua sede seja em Brasília. As estaduais lidam com o percurso histórico, a contemporaneidade e a expectativa humana em suas regiões.
Em São Paulo, a comissão estimula a criação de comissões municipais e organiza o Primeiro Encontro Estadual para os 500 Anos.
O encontro marcará o início das atividades oficiais relativas ao fato histórico e a montagem da agenda que a comissão estadual deverá coordenar. A expectativa é reunir um público interessado e, principalmente, agentes culturais do interior e do litoral em ações de âmbito estadual, voltadas prioritariamente para pesquisa, preservação e divulgação das origens culturais que estruturam o caráter nacional.
A comissão definiu dois projetos de base. O primeiro é a criação da Casa dos 500 Anos, que possibilitará viabilizar as propostas da própria comissão e deverá administrar o centro de memória, pesquisa e estudos, além do acervo.
O segundo é a edição da "Coleção Paulista 500 Anos de Brasil", com 646 volumes. Cada um deles trará um retrato, como se fosse um flash no final do milênio, de uma das cidades paulistas.
A iniciativa deverá produzir um documento único, com capacidade de estimular a instalação do Centro de Documentação e Pesquisa das Origens na Casa dos 500 Anos. Essa grande coleção deverá ser o embrião de uma instituição que sobreviverá aos eventos para os quais foi criada, constituindo-se em mensagem da contemporaneidade para a eternidade.
A comissão estadual tem como princípio se envolver com projetos que não se esgotem em si mesmos. A iniciativa privada já se organiza, movida prioritariamente pela saudável perspectiva de lucro, que o sistema tanto encoraja, mas que, no caso presente, não atende à expectativa nobre da comissão.
Esta, por sua vez, estimula iniciativas que qualifiquem o legado a ser deixado pela contemporaneidade, confirmando para a posteridade o sucesso da "empreitada Brasil" em seus 500 anos.


Zélio Alves Pinto, 60, artista plástico e jornalista, é secretário-adjunto da Cultura do Estado de São Paulo e secretário-executivo da Comissão Paulista para os 500 Anos de Brasil



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