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OPINIÃO
500 anos de sucesso
ZÉLIO ALVES PINTO
Aproxima-se o dia em que completará meio milênio o início formal da experiência de construir a
brasilidade -trabalho duro, que
ainda hoje desenvolvemos. Mal
sabiam os primeiros desembarcados das caravelas lusitanas que estavam dando início a uma grande
confusão, que terminaria por criar
o samba, o futebol e a cachaça.
Para lidar com o fato e suas decorrências, o governo federal instituiu a Comissão Nacional do
Quinto Centenário do Descobrimento, e o estadual instituiu a Comissão Paulista para os 500 Anos.
Ambas trabalham em harmonia,
com programas distintos. A comissão nacional tem seu epicentro
em Cabrália, na Bahia, onde o fato
histórico se deu, embora sua sede
seja em Brasília. As estaduais lidam com o percurso histórico, a
contemporaneidade e a expectativa humana em suas regiões.
Em São Paulo, a comissão estimula a criação de comissões municipais e organiza o Primeiro Encontro Estadual para os 500 Anos.
O encontro marcará o início das
atividades oficiais relativas ao fato
histórico e a montagem da agenda
que a comissão estadual deverá
coordenar. A expectativa é reunir
um público interessado e, principalmente, agentes culturais do interior e do litoral em ações de âmbito estadual, voltadas prioritariamente para pesquisa, preservação
e divulgação das origens culturais
que estruturam o caráter nacional.
A comissão definiu dois projetos
de base. O primeiro é a criação da
Casa dos 500 Anos, que possibilitará viabilizar as propostas da própria comissão e deverá administrar o centro de memória, pesquisa e estudos, além do acervo.
O segundo é a edição da "Coleção Paulista 500 Anos de Brasil",
com 646 volumes. Cada um deles
trará um retrato, como se fosse
um flash no final do milênio, de
uma das cidades paulistas.
A iniciativa deverá produzir um
documento único, com capacidade de estimular a instalação do
Centro de Documentação e Pesquisa das Origens na Casa dos 500
Anos. Essa grande coleção deverá
ser o embrião de uma instituição
que sobreviverá aos eventos para
os quais foi criada, constituindo-se em mensagem da contemporaneidade para a eternidade.
A comissão estadual tem como
princípio se envolver com projetos que não se esgotem em si mesmos. A iniciativa privada já se organiza, movida prioritariamente
pela saudável perspectiva de lucro,
que o sistema tanto encoraja, mas
que, no caso presente, não atende
à expectativa nobre da comissão.
Esta, por sua vez, estimula iniciativas que qualifiquem o legado
a ser deixado pela contemporaneidade, confirmando para a posteridade o sucesso da "empreitada
Brasil" em seus 500 anos.
Zélio Alves Pinto, 60, artista plástico e jornalista, é secretário-adjunto da Cultura do Estado de
São Paulo e secretário-executivo da Comissão
Paulista para os 500 Anos de Brasil
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