São Paulo, quinta, 15 de maio de 1997.



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CASO DANIELLA PEREZ
Acusada é retirada com falta de ar do plenário; para acusação, a crise foi orientada pela defesa
Paula nega por 70 minutos morte de Daniella

Patricia Santos/Folha Imagem
Paula Thomaz chora durante o primeiro dia do julgamento que pode condená-la pela morte da atriz Daniella Perez


SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio


Paulo Thomaz, 23, teve uma crise de choro ontem após depor por 70 minutos e dizer que não participou do assassinato da atriz Daniella Perez, dia 28 de dezembro de 92.
O julgamento de Paula começou ontem e deve terminar hoje à noite. Ela é acusada de matar a atriz junto com o ex-marido Guilherme de Pádua, condenado em janeiro a 19 anos de prisão pelo crime.
Com a crise de choro, ela foi retirada do plenário do 1º Tribunal do Júri do Rio. O juiz José Geraldo Antônio interrompeu o julgamento, que recomeçou 40 minutos depois sem a presença de Paula.
No depoimento ela disse que, no dia do crime, esteve no Barrashopping (zona sul do Rio) das 14h às 22h. Afirmou que Guilherme de Pádua a levou ao shopping, onde iria comprar roupas para o filho, que nasceu cinco meses depois.
Segundo Paula, seu então marido a apanhou no Barrashopping às 22h, horário em que Daniella já teria sido morta. O juiz perguntou à acusada por que não apresentou testemunhas de sua presença no centro de compras por oito horas.
"Apesar do esforço de minha mãe (Maria Aparecida), a pressão era muito grande e ela não conseguiu localizar qualquer pessoa que pudesse falar da minha presença."
No depoimento, Paula negou ter confessado o crime a quatro policiais civis no dia seguinte à morte de Daniella. Paula também negou que soubesse de um suposto caso amoroso entre Pádua e Daniella.
Pela primeira vez no processo, a acusada disse que esteve no espetáculo "A Noite dos Leopardos", de nus masculinos. Ela afirmou que foi com Pádua ao show e depois voltou com amigas.
"Finalmente admitiu que esteve na galeria Alaska, coisa que nunca tinha dito antes", disse o promotor José Muiñoz Piñeiro Filho.
Quinze minutos após o fim do interrogatório, Paula começou a chorar. Com a autorização do juiz, ela foi retirada do tribunal.
"A Paula reclamava de falta de ar", disse Augusto Thompson, um dos advogados de defesa.
Para os promotores, Paula pode ter sido orientada a simular problema de saúde para evitar acareação com Hugo da Silveira, principal testemunha de acusação, que diz ter visto Paula no local do crime, em dezembro de 92.
"Fazemos questão que Paula esteja em plenário no interrogatório do Hugo, para os dois se verem. Quero Paula durante os debates. Quero que o júri veja a reação dela à nossa fala", disse Piñeiro Filho.
"Acho estranho uma pessoa inocente não demonstrar seu inconformismo com a situação a que está submetida há anos. Ela agiu como se estivesse falando com uma amiga ao telefone, com um timbre vocálico inerte", disse o promotor Piñeiro Filho.





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