São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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RIO

Furo em embarcação da Petrobras causou acidente na baía de ilha Grande

Navio vaza 16 mil litros de petróleo

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo menos 16 mil litros de óleo cru vazaram anteontem de um navio da Petrobras ancorado no terminal da estatal na baía de ilha Grande, em Angra dos Reis (município a 150 km do Rio).
De acordo com a empresa, o vazamento começou às 17h20 e foi estancado três horas depois. O petróleo vazou de um furo no tanque principal do navio "Brotas", que, no momento do acidente, estava sendo abastecido. O furo teria sido provocado por corrosão.
Ambientalistas disseram que o óleo se espalhou por 20 km ao longo da costa, atingindo costões rochosos.
"O vazamento chegou até os costões, onde há muita vida marinha. Como os costões são de difícil acesso, a limpeza é praticamente impossível de ser feita. Por isso é grave a situação", disse Odir Barbosa Duarte, presidente da ONG Associação de Movimentos Ambientalistas de Angra dos Reis. Ele definiu o vazamento como "uma catástrofe ambiental".
Duarte afirmou que a quantidade de óleo vazado é maior do que a divulgada pela Petrobras.
"A Petrobras está dando a quantidade medida agora [ontem à tarde". Só que, com o sol e os ventos fortes, muita coisa já evaporou desde ontem [anteontem"", afirmou.
A Petrobras informou, por meio de nota oficial, que o vazamento dos cerca de 16 mil litros de óleo originaram duas grandes manchas, além de algumas pequenas manchas isoladas.
Segundo a Petrobras, o vazamento não atingiu as praias e não oferece riscos ao meio ambiente, porque o óleo não teria chegado ao fundo do mar.
O navio, com capacidade para armazenar 90 mil toneladas de óleo, tem 16 anos e havia passado por sua última "docagem" (inspeção) em 2000.

Bonny
De acordo com a Petrobras, o "Brotas" não é um navio velho, pois a vida útil média de uma embarcação do tipo é de 25 anos.
Segundo a estatal, o petróleo que vazou é do tipo Bonny 3, leve e de fácil evaporação. Por ser leve, não afunda facilmente e forma manchas finas, denominadas "filme", na superfície.
A empresa informou que, imediatamente após a constatação do vazamento, foi acionado um plano de emergência. Um barco de combate a derramamentos de óleo teria sido deslocado para o terminal.
Recolhedores mecânicos, bombas de sucção, barreiras absorventes e de contenção foram usados para evitar que o óleo se espalhasse. Ao todo, 500 homens e 63 embarcações trabalharam no combate ao vazamento.
Técnicos da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recurso Naturais Renováveis), da Capitania dos Portos e da Defesa Civil sobrevoaram a área ontem. As instituições estudam se haverá aplicação de multa contra a Petrobras. Até as 19h de ontem ainda não havia uma decisão.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) enviou dois técnicos para avaliar as causas do acidente. Conforme os resultados, a agência reguladora também poderá multar a estatal.
O diretor do condomínio Portogalo, Roberto Bonfim, disse que, se o trabalho de recolhimento do óleo for bem feito, o vazamento não prejudicará as praias e o turismo na região. Portogalo é um dos muitos condomínios de luxo perto do terminal da Petrobras.



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