|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Para especialista, o fitoterápico só deve ser usado com indicação médica
Ginko biloba pode causar danos aos rins e convulsões
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O uso indiscriminado do fitoterápico ginko biloba, indicado para melhorar a memória e o desempenho cognitivo em idosos,
pode causar efeitos colaterais sérios, danos hepáticos, pedras na
vesícula, além de sangramentos e
convulsões. O alerta é de Décio
Alves, presidente da regional carioca da Sociedade Brasileira de
Fitomedicina. Segundo ele, o ginko só deve ser usado com indicação e acompanhamento médico.
Alves diz que, a cada semestre
de uso contínuo, é recomendável
interromper a medicação por um
ou dois meses. "É importante essa
parada estratégica para não sobrecarregar os rins e o fígado."
De acordo com o médico, o extrato da planta tem ação antioxidante e aumenta a microcirculação sangüínea no cérebro. É indicado para reduzir os efeitos degenerativos do envelhecimento normal, além de poder combater a labirintite e o zumbido no ouvido.
Mas ele reforça que o medicamento só deve ser usado por pessoas que já apresentem déficit
cognitivo. "Ele não tem efeito preventivo. Não adianta os mais jovens tomarem que não haverá resultado", afirma.
Outro cuidado é na compra. O
paciente deve observar na caixa
ou na bula a composição, que, para os efeitos terapêuticos desejados, precisa ter 24% de princípio
ativo (gincosídeos). O uso na forma de folha -para chá, por
exemplo- não teria efeito nem
contra-indicação.
A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), onde o fitoterápico tem registro há quatro
anos, informa que as pessoas devem observar na embalagem do
medicamento se há o número do
registro na agência, que começa
com as letras MS-de Ministério
da Saúde-, seguidas do dígito 1 e
de 13 algarismos.
Ainda que seja vendido como
remédio nas farmácias, há médicos que divergem na sua indicação. O geriatra Luiz Roberto Ramos, chefe do centro de estudos
do envelhecimento, da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), diz ser favorável ao uso do
ginko biloba pelos efeitos antioxidantes. "É a mesma coisa da vitamina C e E. Desde que sob orientação médica, não há problemas
na indicação", afirma.
Já para o geriatra Wilson Jacob
Filho, do serviço de geriatria do
Hospital das Clínicas, não há
comprovação científica de que o
extrato de ginko biloba seja eficaz.
Na opinião do médico, os estudos que demonstraram melhoria
na microcirculação também são
inconclusivos. "Não há justificativa científica para prescrever o medicamento", afirma.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: HC vira palco de manifestação de servidores estaduais em greve Índice
|