São Paulo, domingo, 15 de maio de 2005

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Peças raras de navio afundado são expostas em Florianópolis

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Na praia dos Ingleses, norte da ilha de Florianópolis, estão expostos objetos raros de um navio afundado entre os séculos 17 e 18 e que foram resgatados por uma equipe de 40 profissionais, formada por geólogos, biólogos, historiadores e oceanógrafos.
O Projeto de Arqueologia Subaquática, realizado pela ONG de mesmo nome, é o único aprovado pela Marinha em andamento no país. Na última semana, ele conseguiu um acordo com o governo de Santa Catarina para continuar o resgate das peças, com um financiamento de R$ 1,6 milhão.
Os primeiros objetos foram encontrados pelo mergulhador Alexandre Viana, 33, em 1989. São botijas, uma espécie de vaso de cerâmica usado para carregar principalmente alimentos. Ele só revelou a descoberta em 2001, com medo de saques no sítio arqueológico. Já com o projeto, além de 12 botijas inteiras, as tampas de 164 delas foram resgatadas.
Com as escavações, outros artefatos foram achados, como uma aliança, três anéis, duas figas, rubis, um tinteiro com o desenho de uma águia bicéfala (do clã Habsburgo, dinastia austríaca que reinou por séculos na Europa), um relógio de sol e pederneiras (responsáveis pela ignição da pólvora nos mosquetes).
Além disso, há um sino de cobre de mais de 40 kg, que, se comercializado, valeria em torno de R$ 1,2 milhão (mesmo valor investido na primeira etapa do projeto).
Há um mês, o presidente da ONG, Marcelo Moura, 45, em um dos mergulhos, encontrou a quilha da embarcação, capaz de indicar seu comprimento e o lado para o qual tombou. A análise para chegar ao tamanho ainda está sendo realizada, mas já se sabe que o navio tombou para o lado oposto ao que foi escavado até agora. Isso significa que, em um ano de trabalho, mais de 800 objetos foram retirados do fundo do mar e isso pode representar apenas 20% de todo o tesouro.
O objetivo dos pesquisadores é descobrir a procedência do navio. Há alguns meses, uma régua de Gunther -usada para cálculos de navegação- foi encontrada. O instrumento é datado de 1683. Como botijas não foram mais usadas após 1725, o navio está nessa faixa de idade. Sua origem, no entanto, ainda é incerta. Os mergulhadores descobriram apenas que ele foi armado na Espanha. Uma peça de canhão que jamais havia sido vista no país está entre as raridades.
O navio está a apenas 2,5 metros da superfície e bem próximo à orla. A sede do projeto -sete contêineres de 6 metros por 2,4 metros- foi montada na praia e é aberta a visitação. (THIAGO REIS)


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