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Peças raras de navio afundado
são expostas em Florianópolis
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
Na praia dos Ingleses, norte da
ilha de Florianópolis, estão expostos objetos raros de um navio
afundado entre os séculos 17 e 18 e
que foram resgatados por uma
equipe de 40 profissionais, formada por geólogos, biólogos, historiadores e oceanógrafos.
O Projeto de Arqueologia Subaquática, realizado pela ONG de
mesmo nome, é o único aprovado
pela Marinha em andamento no
país. Na última semana, ele conseguiu um acordo com o governo
de Santa Catarina para continuar
o resgate das peças, com um financiamento de R$ 1,6 milhão.
Os primeiros objetos foram encontrados pelo mergulhador Alexandre Viana, 33, em 1989. São
botijas, uma espécie de vaso de
cerâmica usado para carregar
principalmente alimentos. Ele só
revelou a descoberta em 2001,
com medo de saques no sítio arqueológico. Já com o projeto,
além de 12 botijas inteiras, as tampas de 164 delas foram resgatadas.
Com as escavações, outros artefatos foram achados, como uma
aliança, três anéis, duas figas, rubis, um tinteiro com o desenho de
uma águia bicéfala (do clã Habsburgo, dinastia austríaca que reinou por séculos na Europa), um
relógio de sol e pederneiras (responsáveis pela ignição da pólvora
nos mosquetes).
Além disso, há um sino de cobre
de mais de 40 kg, que, se comercializado, valeria em torno de R$
1,2 milhão (mesmo valor investido na primeira etapa do projeto).
Há um mês, o presidente da
ONG, Marcelo Moura, 45, em um
dos mergulhos, encontrou a quilha da embarcação, capaz de indicar seu comprimento e o lado para o qual tombou. A análise para
chegar ao tamanho ainda está
sendo realizada, mas já se sabe
que o navio tombou para o lado
oposto ao que foi escavado até
agora. Isso significa que, em um
ano de trabalho, mais de 800 objetos foram retirados do fundo do
mar e isso pode representar apenas 20% de todo o tesouro.
O objetivo dos pesquisadores é
descobrir a procedência do navio.
Há alguns meses, uma régua de
Gunther -usada para cálculos de
navegação- foi encontrada. O
instrumento é datado de 1683.
Como botijas não foram mais
usadas após 1725, o navio está
nessa faixa de idade. Sua origem,
no entanto, ainda é incerta. Os
mergulhadores descobriram apenas que ele foi armado na Espanha. Uma peça de canhão que jamais havia sido vista no país está
entre as raridades.
O navio está a apenas 2,5 metros
da superfície e bem próximo à orla. A sede do projeto -sete contêineres de 6 metros por 2,4 metros- foi montada na praia e é
aberta a visitação.
(THIAGO REIS)
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