São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

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Até 15 km por dia, táxi sai mais barato que ter carro

A pedido da Folha, professor calculou quando ter um veículo é vantajoso

Gastos com seguro, estacionamentos e IPVA fazem opção pelo uso do táxi em SP ser melhor em determinados casos

FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO

A aposentada Sônia Cacace, 69, abdicou do conforto do carro particular pela praticidade do táxi há dois anos. "Como rodo pouco, o custo para manter um automóvel sai mais caro. Minhas oito colegas também fizeram o mesmo. Hoje, nem o trânsito caótico me estressa tanto", relata Cacace, que diz aproveitar melhor o tempo ocioso no banco do passageiro. A pedido da Folha, Samy Dana, professor de finanças pessoais da Fundação Getulio Vargas, comparou os custos anuais para manter um carro e para andar de táxi.
Os cálculos do professor mostram quando é vantagem vender o carro e ir (ou ligar) para o ponto. Para quem roda até 15 km por dia entre ida e volta (do trabalho, por exemplo), o táxi sai (1%) mais barato do que manter um veículo de R$ 40 mil (preço médio dos carros novos vendidos no país).
O custo anual para rodar aproximadamente 5.500 km com carro particular é de cerca de R$ 17.300. Isso quando o dono arca com combustível e todas as taxas, como inspeção, seguro e estacionamento. A depreciação do veículo também está inclusa -o Datafolha calcula que o carro perca 7% do valor ao ano.
"Considerei ainda que o valor de um carro médio aplicado renderia R$ 300 por mês. Isso custearia quase uma semana de táxi em trajetos curtos", calcula Dana. Quando a comparação é feita com um modelo "popular", de R$ 25 mil e com motor 1.0, que é mais econômico, o táxi só compensa para quem roda até 10 km por dia.
Nesse caso, o custo anual para percorrer 3.600 km seria de R$ 12.463-R$ 10 a menos do que com o carro.
Isso porque a tarifa de táxi na capital paulista é cara, apontam especialistas. Custa quase o dobro da de Buenos Aires, por exemplo.
Em São Paulo, além dos R$ 4,10 iniciais, paga-se mais R$ 2,50 por quilômetro rodado. Após as 20h e aos domingos, esse valor aumenta 30%. Mesmo assim, o arquiteto de informação Avi Alkalay, 37, vendeu o segundo carro da família. "A cidade não comporta mais esse luxo".

COLETIVO
Para o especialista em engenharia de tráfego Sérgio Ejzemberg, tanto faz usar o táxi ou carro -porque o veículo individual vai ocupar o mesmo espaço na rua.
A solução mais adequada é o transporte coletivo, como o metrô. "As pessoas só desistirão do carro quando houver um transporte coletivo decente -com o mínimo de conforto", diz.

Colaborou RAPHAEL MARCHIORI


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