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AIDS
Manifestantes usam faixa preta
Educadores criticam veto a projeto preventivo
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Educadores que participam de
um encontro sobre Aids na educação protestaram ontem, em São
Paulo, contra o veto do presidente
da República que derrubou um
projeto que instituía a sexualidade e a prevenção às drogas no currículo das escolas. O projeto, da
deputada Iara Bernardi (PT-SP),
foi vetado no mês passado.
Para protestar, os cerca de 400
participantes do 6º Educaids (Encontro Nacional de Educadores
na Prevenção da Aids) usaram
uma faixa preta no braço e aprovaram um manifesto endereçado
aos presidentes dos partidos políticos. O veto "premia a omissão
de órgãos competentes que assistem impassíveis à discriminação
de dezenas de crianças (...) portadoras do HIV por escolas que se
dizem despreparadas ou desinformadas", diz o manifesto.
"O Ministério da Educação tem
sido um grande ausente da educação preventiva, especialmente
com relação à Aids", diz Terezinha Reis Pinto, coordenadora do
Educaids e presidente da Apta,
ONG que promove o encontro.
"Até hoje, o MEC não fez uma
única publicação orientando professores e diretores de escolas sobre como agir diante de uma
criança com HIV/Aids", diz.
No parecer contrário ao projeto,
o MEC argumentou que a sexualidade e a prevenção às drogas já
estavam contempladas nos parâmetros curriculares.
Para Terezinha, os parâmetros
são apenas um guia optativo, que
não oferecem recursos ou treinamento. Segundo levantamento
feito pela Apta, apenas 29% da rede pública do país têm programa
de prevenção e sexualidade.
Terezinha diz que o projeto vetado previa recursos para a implantação dos programas. "A Prefeitura de São Paulo, que já implantou o Programa de Educação
Preventiva e Sexualidade, gastou
R$ 2,5 milhão em 14 meses em
material e treinamento."
A Secretaria Estadual da Educação também implantou em sua
rede o projeto "Prevenção também se ensina".
O texto do manifesto diz que o
projeto da deputada foi discutido
por mais de 1.600 educadores antes de ser votado. "O Brasil não
pode se posicionar diante do
mundo como um país que nega
direitos", diz o manifesto.
Outro lado
A assessoria do MEC informou
que cabe ao ministério o estabelecimento de diretrizes a serem implementadas pelos Estados e municípios. Impor temas curriculares seria descumprir a Lei de Diretrizes e Bases, que deixa para as
instâncias estaduais e municipais
a determinação de suas necessidades, diz a assessoria.
A violência e o uso de drogas,
por exemplo, podem ser preocupantes em determinada cidade,
enquanto em outra a sexualidade
pode ser a questão. Desta forma,
ao sugerir o veto ao projeto de lei, o MEC estaria cumprindo a legislação, não sendo omisso.
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