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URBANISMO
Novo título vai financiar obras da prefeitura
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro de duas semanas, um
novo tipo de título público chegará ao mercado de São Paulo: o Cepac (Certificado de Potencial Adicional de Construção), que permite ao proprietário construir
acima dos limites determinados
pela Lei de Zoneamento em áreas
em que a prefeitura pretende realizar intervenção urbanística por
meio de grandes construções.
O título será vendido pela prefeitura para financiar as obras da
operação urbana Água Espraiada.
A previsão é que, em até 15 anos,
sejam emitidos 3,75 milhões de
Cepacs relativos à região, com
uma arrecadação mínima de R$
1,125 bilhão. Toda a verba dos títulos só pode ser investida na área
da operação urbana, em empreendimentos definidos por lei.
O primeiro leilão será realizado
no próximo dia 30, na Bolsa de
Valores de São Paulo, e cada título
terá um valor inicial de R$ 300.
A cobrança pelo potencial construtivo adicional já era feita pela
prefeitura por meio da outorga
onerosa. A novidade é que, para
adquirir o Cepac, não é preciso ter
um terreno na região da operação
urbana. O título pode ser comprado por qualquer pessoa nos leilões da Soma (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos) e, depois, ser negociado livremente.
"Há a possibilidade de um círculo virtuoso: [com a venda do
Cepac] o poder público adianta o
recurso para uma obra de infra-estrutura, essa obra pode valorizar a região, gerando procura
maior por Cepacs. Tudo isso sem
utilizar a verba dos impostos",
disse o secretário de Finanças,
Luís Carlos Fernandes Afonso.
A quantidade de títulos a ser leiloada no dia 30 ainda não foi definida, mas, na primeira oferta (dividida em um ou mais leilões), a
prefeitura pode vender os Cepacs
até obter uma arrecadação máxima de R$ 190 milhões. Essa verba
será utilizada na construção de
duas pontes estaiadas sobre o rio
Pinheiros e de 600 habitações de
interesse social. Futuramente, serão feitas emissões para financiar
novas obras, como viadutos.
Para orientar a ação do mercado imobiliário, cada Cepac possui
um "índice" diferenciado conforme cada um dos cinco subperímetros (Jabaquara, Brooklin,
Berrini, marginal Pinheiros e
Chucri Zaidan). Dessa forma, um
Cepac permite a construção de 3
m2 adicionais num terreno no
subperímetro Jabaquara, mas numa área mais valorizada, como a
Berrini, o mesmo título permite a
construção de apenas 1 m2 a mais.
A operação urbana Água Espraiada possui 4,850 milhões de
m2 de potencial construtivo adicional. No entanto, poderão ser
integralmente convertidos em
área construída via utilização do
Cepac 3,750 milhões de m2. "A intenção é criar uma escassez de
área", disse Valdemir Garreta, secretário de Projetos Especiais.
A urbanista Regina Monteiro,
do movimento Defenda São Paulo, disse temer que o Cepac seja
um "tiro no pé", com o lançamento excessivo de títulos. "Oferecer
3,750 milhões de m2 não é escassez, pois muitos terrenos são em
áreas sem avenida, onde não haverá procura. Com essa oferta, vai
baixar o preço do Cepac e a prefeitura vai sair no prejuízo."
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